SEJAM BEM VINDOS

Podem matar uma, duas ou até três rosas.
Mas não podem deter a primavera.
Podem matar um, dois ou até três revolucionários.
Mas não podem conter a revolta.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

VALORIZAÇÃO EXCESSIVA DOS TEMPLOS

Sempre pensei que a placa da igreja não importava muito, acreditava que o nome da denominação não tinha poder algum sobre minha vida espiritual. Achava que o importante eram as pessoas que se adentravam a igreja. Acreditava que as pessoas realmente se importavam umas com as outras.
Já ouvi várias vezes disserem que pessoas não mudam, que caráter não se discute e que muitos vivem de forma mascarada. Nunca quis acreditar nesses ditados, no meu ponto de vista (equivocado) as pessoas não eram falsas, o “povo de Deus” era honesto, sincero, dotados de boa índole e decência. Olhava para a igreja como quem olha para Cristo. O corpo de Cristo parecia perfeito, sem mácula. Era o povo escolhido de Deus para ser a luz do mundo e o sal da terra. Infelizmente estava equivocado. Em parte, é claro.
Descobri que muitos dos que andavam comigo não eram realmente meus amigos, que as pessoas que eu admirava eram falsas e muitas vezes perversas. Vi lideres humilharem seus liderados por motivos banais. Pude ver pastores fazerem barbaridades em nome de Jesus. Difícil aceitar, mas percebi que estava sendo usado como uma marionete nas mãos do artista. Minha pessoa não era importante, o que importava eram meus talentos. Meus feitos era mais importante do que meu caráter. Podia ser o pior tipo de cristão, ter a pior índole, ter um caráter perverso e desonesto que não faria a menor importância, desde que meus feitos para levar pessoas a Cristo desse resultado.
Foi difícil aceitar a dura realidade em que vivia como cristão. É duro conviver com a solidão e a inferioridade. Sempre queremos estar por cima, em posições honradas e privilegiadas. Isso se inclui em tudo na vida, seja no trabalho, na família, nos relacionamentos, e até mesmo na igreja.
Pensava que as pessoas estavam na igreja somente por amor a Cristo, mas vi que na realidade muitas delas, inclusive eu, dava mais valor ao nome do templo do que às pessoas. Gostamos do nome, nos sentimos bem com a posição em que a “nossa” igreja se encontra na sociedade. Quanto maior a organização maior também se torna o ânimo com que muitos se aderem a ela. Eu era assim.
Converti-me numa igreja importante, sua convenção era conhecida internacionalmente. Ela era uma das mais respeitadas organizações da pacata cidadezinha do interior. Os jovens da cidade a valorizava por suas atividades e projetos. A cidade a admirava.
Ali aprendi muito. Grande parte de meu aprendizado se deu naquele local. Enraizei o nome da igreja comigo, gostava de ser chamado de membro A, o nome A me animava. Defendia a denominação com unhas e dentes. Ainda jovem decidi mudar de cidade, fui morar mais perto da capital. Mudei-me pra uma cidade bem maior do que a anterior. Na atual cidade me membrei em uma igreja de outra denominação. Fisicamente estava em outro contexto religioso, mas meu coração continuava batendo pela igreja A.
Não demorou muito e logo me entrosei com as pessoas e comecei novamente a amar o local. Rapidamente me destaquei na denominação, comecei a fazer parte de vários ministérios. Meu tempo começou a ficar escasso. Pensava somente na igreja, tudo o que fazia era pensando na igreja. Estar de bem com a igreja era meu foco principal.
Com o passar do tempo fui me destacando hierarquicamente. Primeiro fui conselheiro dos jovens, em seguida passei a ser líder de jovens e assim por diante. Quando cheguei a uma posição abaixo do pastor foi grande minha decepção. As posições estavam acabando comigo. Quando mais crescia ministerialmente mais valor queria que as pessoas me dessem. Isso não era errado, afinal de contas, quem não gosta de ser honrado? O sucesso do “sistema religioso’ depende das honras e o respeito que os liderados demonstram para com seus líderes. Ou melhor, depende de como os liderados são subordinados e obedientes as vontades de seus lideres, ainda que os lideres estejam errados.
Hoje penso como o apóstolo Paulo expressa em 1 Co 13:11,13:

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permaneçam a fé, a esperança e o amor, estas três; mas a maior destas é o amor.

Quando era menino agia como menino, pensava como menino, discursava como menino, mas, conforme o tempo passa as coisas de menino vão ficando para trás, os pensamentos vão mudando, os alicerces das verdades absolutas vão ruindo, coisas que defendiam com entusiasmo já não damos tanto valor hoje. Converti-me com 13 anos de idade, minha cabeça era de um jeito, pensava de uma forma, agia de uma maneira totalmente diferente da que ajo hoje. Certezas do menino de 13 anos já não existem mais. E tenho certeza que assim como sumiu aquele menino também sumirá o homem de hoje. O homem que atual existe desaparecerá dando origem a outro mais maduro e sensato. O atual murcha com a erva daninha do campo e em seu lugar brota flores noviças e vistosas.
A cada dia precisamos caminhar em busca do conhecimento eterno. Precisamos almejar o eterno, viver o eterno. Não um eterno distante, mas presente no nosso dia a dia. É preciso desvendar o enigma da história humana. Chega de uma fé supersticiosa, basta de esperança de prosperidade. A fé e a esperança sem o amor é como a chuva que cai no canto da sarjeta e vai perdendo sua vitalidade se dissipando até cair nos buracos subterrâneos das esquinas das calçadas.
Minha indignação religiosa foi dando seus primeiros brotos. Já não conseguia mais aceitar tudo com óbvio e correto. Muitas coisas das quais amava e defendia com vitalidade passei a repudiar. Meus sermões começou a incomodar a liderança maior. De membro submisso e “ecologicamente correto” passei a ser tachado de rebelde e herege. Como minhas pregações e meus ensinamentos começaram a causar discórdia entre os membros não tive outra opção a não ser sair da igreja, antes que me expulsassem.
Quando fiquei sem igreja-templo para congregar pude me deparar com a dura realidade que vivia. Descobri, ou melhor, abri os olhos para Cristo. Enquanto estava congregando regularmente nos templos, freqüentando todos os cultos, participando das campanhas, fazendo visitas e pregando o evangelho não conseguia enxergar o que realmente estava vivendo. Tudo parecia estar correto, eu me achava um crente-membro “perfeito”.
Ao sair da igreja por descontentamentos doutrinários não deixei para trás apenas o templo, mas também os vínculos de amizade que possuía. Pessoas que diziam me amar simplesmente desapareceram. Vi pessoas que freqüentavam minha casa virarem as costas para mim me tachando de herege e egoísta. Jovens que professavam que me admiravam agora pareciam que me odiavam. Posso contar nos dedos de uma mão as pessoas que me apoiaram e continuaram a andar comigo.
Com isso tive certeza que Cristo já não era mais o foco principal da igreja. O “status quo” que a denominação possuía se tornou mais relevante que a palavra viva e eficaz de Jesus Cristo. Os membros (nem todos) lutavam pela causa da igreja e não de Cristo. A luta era denominacional. Os ensinamentos bíblicos eram somente pressupostos para encher a igreja de pessoas. E não posso esquecer de que quanto mais pessoas mais arrecadação. A fim de aumentar a arrecadação pastores e lideres aderem as leis da administração de Marx, Ford, Toyota e outros. Se a igreja não tiver um bom plano de marketing ela não conseguirá viver em meio à competitividade religiosa. Igreja e empresa são parceiras e concorrentes.


As Américas Central e Sul, têm emergido, tanto em número, quanto em denominações, o que nõ é de todo bom, por haver na quantidade a impossibilidade de centralização e, portanto, abrirem-se janelas para ensinos errôneos, cobertos de “boas intenções”, aflore. (JANSEY, Túlio. Filosofia e Teologia no Século XXI – Da gênese à contemporaneidade. Press Abba, São Paulo, 2004. Pág. 12.)


Com esse acontecido pude ver o quanto à igreja de Cristo está desvirtuada do caminho da graça. Valorizamos mais o templo do que as pessoas. Basta notarmos qual o grau de preocupação que temos com os que saem da instituição. Vi pessoas entrarem na igreja, cooperarem com o melhor de si e saírem com se nunca tivessem entrado. Vi homens e mulheres se doarem de corpo e alma ao labor eclesiástico e irem embora como se nunca tivessem cooperado com nada. Meu sentimento de indignação não é isolado. São muitas as pessoas que se encontram como eu. Doei-me na igreja, organizei projetos, cuidei de jovens, preguei nos cultos, evangelizei, cooperei como evangelista e sai da igreja como a água se esvai do vaso sanitário quanto puxamos a corda do reservatório.
É fácil falar que templo não tem importância, é difícil aceitar que nos importamos mais com o templo do que com as pessoas. Para o bem do templo pessoas supostamente insignificantes são deixadas de lado e desvalorizadas. Quando não ridicularizadas. Para preservar a boa imagem da igreja líderes passam por cima de sentimentos alheios não se importando com a destruição espiritual que estão causando. “Ainda bem” que a justiça brasileira não intervém tanto no meio religioso. Se interviesse contaríamos facilmente quantas igrejas estariam com as portas abertas.
Igrejas que deveriam se preocupar com o bem estar dos indefesos, dos rejeitados, dos desvalorizados, dos marginalizados socialmente; infelizmente são as que os exclui com mais facilidade. Amor ao próximo é utopia de um velho homem que viveu a dois mil anos atrás. Doar-se é para tolos, é ilusão de um anseio futurista. O que importa é ver os templos cheios, o tipo de pessoa inserido em seu contexto social não faz tanta importância, desde que ela esteja nos cultos.
Não agüento mais esse tipo de cristianismo, estou enfadado desse meio religioso. É preciso que alguém denuncie as barbaridades realizadas em nome de Deus para que se evitem os mesmos erros do passado, onde pessoas bem intencionadas usando o nome de Deus matarem inocentes, torturaram os contrários a fé, queimaram supostos hereges e causavam medo até no diabo.
Só expondo os erros é que conseguiremos viver na liberdade de Cristo e não na lei. A lei nos aprisiona, o legalismo nos cativa, mas a graça redentora de Jesus nos liberta, nos dá vida e vida em abundância. A graça nos faz pessoas livres. Somente quem vive na graça consegue se libertar das honrarias templárias. Somente com Cristo podemos viver a vida feliz e longe das amarras do legalismo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

AS BEM-AVENTURANÇAS PARTE II

Nas bem-aventuranças temos um modelo a ser seguido. Jesus revela que tipo de cristãos e de igreja ele quer que sejamos. Devemos ser cristãos firmados em Cristo. Precisamos andar como Jesus andou. É obrigação da igreja e de cada um se posicionar com defensores dos desprivilegiados socialmente e espiritualmente[1].
A igreja tem por obrigação suprir as necessidades espirituais e sociais de seus membros. Na carta que Tiago escreve para as doze tribos que andam dispersas no capitulo 2 dos versos 14 aos 26 ele trata sobre a questão espiritual e social. Tiago diz que a fé sem obras é morta, se tivermos fé e não realizarmos as obras de nada se aproveita nossa fé. Ela não serve pra nada. Tiago iguala fé e obras. Em outras palavras, de acordo com Tiago a fé tem o mesmo peso que o social.


Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?
E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?
Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesmo.
Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.
Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. (Tiago 2:1-17, 24,26 – Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, Versão Almeida e Corrigida, Edição de 1995).


Não há proveito algum a igreja ensinar a palavra e não suprir as necessidades dos membros. Quando me refiro a igreja não estou me referindo ao sistema eclesiástico e nem tampouco ao templo. Refiro-me ao grupo de pessoas que se unem para adorar a Deus. É obrigação de cada um de nós – como noivas de Cristo – socorrer aos que estão em situações difíceis, sendo eles processante da mesma fé ou não.
No sermão da montanha Jesus usa a expressão limpos de coração. Limpo de coração não significa jamais errar, nunca pensar em bobagens ou nunca pecar. Ser limpo de coração é viver em novidade de vida com Cristo (colocar o novo que se renova) dia após dia. É aprender a se levantar após uma queda, a chorar e não prostrado. Limpos de coração são pessoas que não se fazem de vitimas das situações, mas que encaram seus medos, suas duvidas, erros e imperfeições de frente, sabendo que é Cristo quem nos aperfeiçoa a fim de sermos aprovados por Deus.
Os filhos de Deus são pacificadores. São agentes da paz. No tempo da graça todos os que aceitam a Jesus como unico9 e suficiente salvado são considerados filhos de Deus (Jô 1:11-12). Os filhos de Deus são homens e mulheres que não vivem segundo a vontade de suas carnes (Jo 1:13), mas de Deus. A carne luta contra o Espírito, e Jô Espírito, contra a carne (Ef 5:17). Os filhos de Deus são cumpridores e obediente à palavra, são cheios do Espírito Santo, e, de acordo com Mateus, pacificadores.
Os filhos de Jesus promovem restituição da paz nos lugares assolados, propugnam a paz universal.
É triste ver tantas pessoas que dizem ser cristãs não terem o mínimo de tolerância e compaixão. Pessoas vingativas, egocêntricas, avarentas, usurpadores. “Cristãos” que se esqueceram que não estão mais no tempo da lei. Olho por olho e dente por dente saiu de cena. Entra em cena o virar a outra face.
Pior ainda é quando essas pessoas se encontram em lideranças eclesiásticas. Muitos líderes estão sofrendo perseguições, mas não é por causa da justiça. De acordo com as bem-aventuranças é mais do que feliz aqueles que sofrem perseguição por caudas da justiça.
São muitos os lideres que estão sendo perseguidos porque são corruptos, amantes de si mesmos, mentirosos, aproveitadores de situações. Ele sempre tem desculpas na ponta da língua para se livrarem de acusações, para esconderem seus erros. Sempre estão certos, nunca erram questioná-los é rebeldia.
Devemos sofrer perseguições porque estamos fazendo a diferença no mundo falecido em pecado, desigualdades sociais e distante de Cristo. Devemos ser injuriados porque incomodamos opressores e defendemos os injustiçados – tanto secularmente quanto de dentro da igreja. Devemos padecer por mentiras alheia, não pelas próprias.
É hora de revermos nossos conceitos cristãos, reavaliarmos nossa fé e examinarmos com atenção nossas obras.
Que o sermão da montanha, também conhecido com bem-aventuranças possa ser um modelo de vida cristã a ser seguido (obedecido) e uma realidade presente em cada um de nós.
[1] Espiritualmente no sentido de exclusão eclesiástica. São pessoas vistas com preconceito, tachadas de pecadoras e muitas vezes até de contrárias as doutrinas. São pessoas pobres de espírito que não são aceitas pelos “ricos de espírito”.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

AS BEM-AVENTURANÇAS PARTE I

Em Mateus capítulo 5 se encontra o primeiro sermão de Jesus. Não foi exatamente o primeiro, pois no capítulo anterior Ele já havia pregado na cidade de Cafarnaum, mas com certeza foi o pivô de seu ministério.
Nas bem-aventuranças Jesus cumpre a lei do antigo Testamento. Enquanto no antigo testamento Moisés fala em nome de Deus, como porta-voz do Altíssimo. No novo testamento - a partir das bem-aventuranças Jesus se iguala a Deus. Não só se iguala como diz ser o próprio Deus. Cristo fala em seu próprio nome. Em Jesus todo o antigo testyamento9 é cumprido. A lei deixa de Sr necessária. A graça entra em vigor.
As bem-aventuranças revelam esse novo tempo. Nela está explícita a vontade de Deus. Mateus 5:3-12 é o manual do cristão. É um padrão de conduta pa5ra todos aqueles que decidem andar com Cristo.
Neste sermão Jesus revela qual a vontade de Deus para com àqueles que o servem. E, também Jesus deixa claro qual o tipo de Deus ele jê. A identidade de Cristo é revelada.
Sua identidade é totalmente contrária a dos deuses pagãos. No novo testamento quem dominava econômica e politicamente eram os romanos. Contudo, a cultura predominante era grega. Os deuses romanos e gregos estavam fortemente espalhados culturalmente. Além da cultura Greco-romana a Galiléia e sua proximidades, entre elas Cafarnaum, eram habitadas por egípcios, árabes, fenícios e judeus.
[1]
O “Eu Sou” não era o único Deus da época.[2] Sendo assim, Deus se revela ao homem por intermédio de Jesus. Cristo se distancia dos deuses da época devido a seu propósito. Jesus é o único Deus que se torna homem e se faz pecado pela humanidade a fim de resgatá-la. Ele é o único Deus que se faz homem para morrer em prol a criaturas miseráveis e ingratas. Ele é o único Deus da historia que ama a raça humana incondicionalmente, a ponto de lhes preparar um lugar junto com Ele (Jo 14:1,2).
Diferente dos deuses gregos Jesus não é vingativo. É um Deus presente. Um Deus que participa ativamente de sua criação.
Como cristãos
[3]precisamos ser imitadores de Cristo, obedecendo a sua palavra e andando como ele andou. O messias nas bem-aventuranças diz que bem aventurado os mansos porque herdarão a terra, e bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão fartos. Nessas duas bem-aventuranças é preciso refletir um pouco, pois caso contrário entraremos em contradição. Como dito acima Jesus não é um Deus vingativo, Ele ama suas criaturas e se importa com cada um de nós. Da mesma forma nós cristãos devemos deixar a vingança de lado e viver com Cristo viveu. Precisamos ter um temperamento sereno, ser de índole pacifica. Cultivarmos o amor. É lamentável a situação em muitos chegaram. Quando alguém sofre alguma injustiça não é difícil ouvir alguém dizer que entrega nas mãos de Deus ou que Deus vai fazer justiça. Isso é lastimável, Jesus nunca aceitaria isso. Ter fome e sede de justiça não é ficar esperando que as pessoas que nos machucaram ou ofenderam, ou que nos injustiçaram sejam punidas com severidade. Ter fome e sede de justiça vai muito, além disso. É lutar pela igualdade, defender os oprimidos, ajudar os necessitados. Cobrar os políticos pela falta de justiça social. É lutar pelos direitos do próximo. É não se conformar com a mediocridade do sistema[4].
No sermão do monte pode-se observar que Jesus se interessa por maltrapilhos. O interesse do mestre é por pessoas marginalizadas da sociedade. Seu interesse é por aqueles que vivem fora do âmbito da sociedade ou da “lei”
[5], como vagabundos, mendigos e/ou delinqüentes.
Jesus não exclui nenhuma camada social da sua presença. Para ele todas as camadas são iguais. Ele ama a todos. No entanto, Jesus abandona seu conforto, “seus interesses pessoais” como todo humano possui para se dedicar aos exauridos, aos cansados, aos oprimidos, enfim, a classe menos favorecida da época. Ele anda com mendigos, prostitutas, publicanos e toda “imundícia” de gente.
Recordo-me de certa vez que fui evangelizar na rua. Era final de ano. Um empresário da igreja em que freqüentava doou alguns panetones para a evangelização. Eu juntamente com os jovens da igreja saí euforicamente à noite pelas ruas da cidade entregando panetones e pregando a palavra aos mendigos, prostitutas e homossexuais.
Lembro-me do rosto um jovem morador de rua; semblante abatido, vida praticamente destruída. Tinha uma profunda vontade de sair daquela condição, queria mudar de vida, mas, infelizmente não lhe davam oportunidades de trabalho, e já desanimado não tinha mais animo e nem motivo para se alegrar e continuar a lutar para sair das ruas.
Fiz-lhe um convite. Solicitei que ele passasse a virada de ano conosco na igreja. Disse que a igreja iria fazer um grande banquete de final de ano e que ficaria muito grato se ele fosse comigo. Ele seria meu convidado de honra. Aceitou o convite com muita satisfação, seu semblante sorriu alargamente. Sua feição ficou com um tom de alegria e confiança.
Aquele rapaz com certeza se sentiu amado.
Chegado o dia de ano o buscamos e o levamos até a igreja. Ele estava eufórico e irradiante. Desditosamente o destino, ou melhor, a falta de compaixão das pessoas que diziam serem cristãs, lhe preparou um puxão de tapete.
Aquele jovem chegou juntamente comigo na igreja, ao adentrarmos as pessoas me cumprimentavam com um abraço e um beijo no rosto, já ele era cumprimentado com um simples aperto de mão dado as lonjuras.
Durante toda a virada de ano ele foi menosprezado, olhado com desdém e tratado como um maltrapilho que estava no lugar errado.
Esse fato que acabei de relatar não é isolado. Ele se repete constantemente nas igrejas. Todos de certa forma somos egoístas, egocêntricos. Precisamos aprender a lidar com as diferenças. Conviver com o “diferente” não é uma tarefa fácil, mas é necessária. Jesus diz que mais do que feliz são os pobres de espírito, precisamos esvaziar de nós mesmos para que o Espírito Santo nos encha com seus frutos espirituais (Gl 5:16-26). Somente quando as pessoas “santarronas” aceitarem suas condições de miseráveis, de dependente da graça que necessita urgentemente do amor de Jesus é que estaremos (cristãos) aptos para servir a Cristo. Enquanto acharmos que somos "ricos de espírito” não poderemos desfrutar das maravilhas que Jesus tem nos preparado. Os pobres de espírito não têm orgulho, não há soberba, eles aceitam suas condições e aprendem a conviver com isso, eles não fingem ser o que não são. Eles entendem que dependem de Cristo e se entrega totalmente. Não há vontade própria, somente necessidade de Jesus.
[1] Dicionário Bíblico, Editora Didática Paulista, Direção Editorial de Moacir da Cunha Viana.
[2] O Antigo Testamento é uma luta entre deuses. Jeová (Eu Sou) é o Deus dos deuses e Senhor dos Senhores. Ele é o todo poderoso. Nunca existiu outro deus capaz de vencê-lo. Através do seu povo escolhido seu nome era temido em toda a terra.
[3] Pequenos cristos. Discípulos de Cristo. Alunos de Jesus.
[4] Entende-se por sistema o modo de governo, de administração (publica ou privada) e de organização social.
[5] Tomem de fora da lei pessoas que não se enquadram no ideal de vida urbana. E também pessoas que não se enquadram no ideal religioso. São pessoas excluídas da sociedade ou da religião “boa” (se é que existe).

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A MAGNITUDE DO SALMO 23 - PARTE II

De acordo com o salmo 23 a segunda constituição do caráter de Deus é a bondade, em outras palavras, sua graça. Graça é favor imerecido. Tudo o que temos e somos é pela graça. Nós não merecemos nada. Cristo simplesmente nos dá o que precisamos. A graça está totalmente ligada à justiça de Deus. É impossível ser cristão sem conhecer a justiça e a graça de Deus. Justiça e graça levam a terceira constituição do caráter de Deus: misericórdia. Tome misericórdia no sentido de compaixão pela miséria e pela dor alheia. Deus não se alegra com a miséria e nem com a dor alheia.
Porque existe miséria? Porque sofremos? Quando essas duas perguntas são feitas entendo a justiça, a graça e a misericórdia de Deus. O “Eu Sou” se importa com o sofrimento alheio, e com toda certeza com a miséria. Você deve estar se perguntando, então porque ele não faz nada? Primeiramente porque é justo, ele não favorece alguns e desfavorece outros, perante o Senhor todos são tratados igualmente. E não devemos nos esquecer que Deus não é culpado da desgraça humana e sim o próprio homem. A miséria não é fruto de Deus, mas do poder econômico mal distribuído e da falta de compromisso dos políticos para com as classes menos favorecidas socialmente. É obrigação de cada cidadão suprir as necessidades do seu próximo, se comover com a miséria e chorar com as injustiças sociais.
A resposta da segunda pergunta - “porque sofremos?” - esta igualada com a da anterior. Deus não se alegra em ver seus filhos sofrerem. É preciso filtrar o tipo de sofrimento em que estamos falando. Uma coisa é o sofrimento por causa do pecado, sendo que o pecado nos leva ao abismo. Quando pecamos estamos caindo dentro de um abismo, e Deus não pode ser responsabilizado por nossos atos pecaminosos. Outra coisa é sofrermos por decisões mal tomadas. Na vida estamos constantemente decidindo algo, seja no trabalho, na escola, na vida profissional, enfim, sempre estamos tomando decisões. E as decisões tomadas equivocadamente são de inteira responsabilidade nossa. É nossa obrigação aprendermos a tomar decisões. E outra coisa totalmente diferente é sofrer por causa das injustiças sociais, pela má distribuição dos recursos públicos, pela ganância dos que representam o povo e pela falta de amor ao próximo.
Existe outro tipo de sofrimento. É um sofrimento que vem quando estamos no deserto não por causa de erros próprios, decisões erradas ou má distribuição dos recursos públicos. Mas porque o Espírito Santo de Deus quer nos ensinar algo.[1]
Outro ensinamento que o salmista nos traz é que devemos nos preparar para os dias maus.


"Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda." (Salmos 23: 4,5).

Todas as pessoas, sendo cristãos, ateus, descrentes ou de qualquer outra crença, estão sujeitas a passar pelo vale, e muitas vezes é o da sombra da morte. Infelizmente o cristianismo televisivo tem ensinado os cristãos a se tornarem “supercrentes”, pessoas que oram e as coisas acontecem imediatamente. Pessoas que se acham no direito de exigir algo de Deus. Ao invés de usarem a mídia como meio de propagação da palavra a usam como subterfúgio para se promoverem. Líderes têm usado a mídia para divulgar suas respeitosas igrejas, seus super poderes de curar ou expulsar demônios, ao invés de usá-la para ensinar a Palavra do Deus vivo a todas as pessoas. Ensinar que somos humanos, que somos de carne e osso e por isso poderemos vir a passar por vales da sombra da morte, e que todas as pessoas podem passar por dificuldades terríveis. Nem todos terão sucesso financeiro, e nem todos serão bem sucedidos.
Ao invés de fazerem com que as pessoas de sintam amedrontadas deveriam ensiná-las a amar a Deus. Nenhum evangélico que é lavado pelo sangue de Jesus precisa ter medo de maldição. O salmista já sabia disso e condena no salmo 23 as superstições religiosas. Ninguém precisa de 318 pastores fazendo “orações fortes” pela sua vida, não é necessário quebrar maldições e nem mesmo fazer campanhas para prosperar. Maior é o que está em nós do que o que está no mundo (1Jo 4:4). No calvário Jesus quebrou toda maldição. O véu do templo se rasgou e hoje temos livre acesso a Deus. Você não precisa de 318 pastores orando por sua vida e nem de alguém que faça uma oração forte em prol a você. Analise os textos a seguir e reflita um pouco.

Mateus 27:50-54,


E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, pois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos. E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.


Marcos 15:37-39,


E Jesus, dando um grande brado, expirou. E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo. E o centurião, que estava defronte dele, vendo que assim clamando expirara, disse: Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.


Lucas 23:44,45,


E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol; E rasgou-se ao meio o véu do templo.



Você é livre para se achegar até Deus. Você tem livre acesso a Jesus. Jesus morreu pelos nossos pecados não porque merecíamos, mas porque seu amor nos abrangeu. Davi sabia que o amor de Deus o abrangia, no versículo 4 do salmo 23 ele diz: “Ainda que eu andasse pelo vale...; esse ainda é um advérbio de dúvida. Eu posso chegar a passar pelo vale, mas também posso nunca entrar no vale. E mesmo que venhamos a passar pelo vale devemos nos posicionar perseverantemente diante da provação, pois o refrigério vai chegar. Esse refrigério é a mão de Deus nos socorrendo, é a graça de Jesus nos alcançando. O refrigério nem sempre é bênção financeira, é meios de escape que o Senhor nos concede diante das adversidades.
Em último lugar o Rei Davi nos ensina proficuamente de que a fé não pode ser apenas sobrenatural. Ela precisa ser racional, dotada de ética e valores. A fé é firmada e não aleatória. Ela é estável. Não está sujeita as incertezas do acaso.
[1] Sobre esse tipo de sofrimento está melhor exposto no texto cujo nome é - A tentação de Jesus.

A MAGNITUDE DO SALMO 23 - PARTE I

Quero aqui olhar para o salmo 23 de outro ângulo, e mostrar o quão magnífico é este texto.
Primeiramente observo que Davi compara os servos de Deus à ovelhas. Acredito que esse cotejamento é excelente. A comparação feita por Davi revela nossa fragilidade humana (Jo 15:5b). O homem é um ser efêmero (no sentido de fraqueza) assim como uma ovelha. Com o objetivo de "suportar" essa fragilidade ele busca a paz nos lugares mais remotos, muitas vezes por caminhos tortuosos e desesperadores. Muitos desses caminhos se apresentam em forma de religiões - observe que usei o termo religiões, pois as religiões cativam e aprisionam seus seguidores. O Salmo 23 apresenta um pastor como guia, o único que nos leva ao encontro da paz que buscamos. O Senhor deste salmo é uma pessoa e não uma religião. É alguém presente e não um "guru" evangélico que não se preocupa com as ovelhas.
Nos versículos de número um e dois a frase “nada me faltará” não tem nada a ver com a teologia da prosperidade. Ao usar essa frase Davi não está se referindo a bens materiais, mas a meios de escape que o Senhor nos concede para caminharmos rumo às águas tranqüilas. Esses meios de escape não são, ou, não é, em hipótese alguma uma referência a promessas. Não é uma privação de dificuldade. Jesus não promete livrar ninguém da luta, antes, pelo contrário, o que Ele nos diz é que no mundo teríamos aflições, e que devemos ter bom animo, pois Ele venceu o mundo (Jo 16:33).
As pessoas devem vir ao cristianismo de coração aberto e com gratidão a Deus, e não por promessas que são feitas pelos “gurus” evangélicos. Existe um ditado evangélico que diz que quem não vem por amor vem pela dor – esse é apenas um dos muitos ditados errôneos que foram sendo introduzidos no meio do povo de Deus. Isso não existe, a pessoa vem porque decidiu se entregar. Jesus não obriga ninguém a servi-lo. Todos que o aceitam são mediante suas próprias vontades. Fomos constituídos por livre-arbitrio, sendo assim, em minha opinião é uma vergonha quando alguém diz que veio ao cristianismo mediante a dor. É lamentável como os cristãos usam os termos errados devido à privação do conhecimento. Quem veio sem dor veio por amor, e quem veio mediante as desgraças humanas também veio porque decidiu vim. Ao morrer na cruz do calvário Cristo aceitou a todos como filhos, Ele estendeu os braços para toda a humanidade. Sua graça abrange a todas as camadas sociais, a todas as raças, todas as nações, todas as culturas. A graça é sublime. Basta aceitarmos sua maravilhosa graça e reconhecermos o quanto precisamos Dele. Não há sacrifício, apenas decisão.
Deus na figura de Jesus não obriga ninguém a servi-lo, Ele não castiga ninguém porque decidiu viver longe de sua majestosa presença. Cada um que o ama é porque Ele amou primeiro (1 Jo 4:19), foi Ele quem amou sua criatura quando as formou, foi Ele quem ama seus filhos mesmo quando todos viram as costas, e foi Ele quem se entregou na cruz fazendo maldição por cada um de nós. Sendo assim, ninguém ama a Deus porque sofreu certos importunos, mas o ama porque sua graça se estende até ao mais vil pecador. O amor de Deus é puro e verdadeiro.
O Salmo 23 revela que o caráter de Deus é constituído de justiça, bondade e misericórdia (versos 3 e 6). A preocupação de Deus não é em nos dar bênçãos, mas fazer com que trilhemos caminhos de justiça. Esse salmo revela a maior e mais bela verdade do evangelho: A Justiça de Deus. Em Mateus 5:45 Jesus diz que o Pai Celestial faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.
Em nossa condição humana é difícil entender a justiça de Deus, pois como pode Deus abençoar o cristão sincero na mesma proporção do ateu? Ou que Deus é esse que abençoa o pai de família da mesma forma de abençoa o pedófilo? Não é a toa que a Bíblia diz que os pensamentos de Deus não são os nossos. Esse texto de salmo mostra que os cristãos não são melhores que ninguém, Deus ama todos na mesma proporção. Ele abençoa a todos com sua graça imensurável. Podemos ser os “melhores cristãos”, dando o dízimo, as ofertas, participando de campanhas, orando no monte e no vale, expulsando demônios, ou fazendo qualquer outra coisa em nome de Deus e mesmo assim o amor do Pai não aumentaria por mim. Ou poderia escolher ser o pior cidadão, roubando, matando, destruindo famílias, longe de igrejas, e assim por diante, da mesma forma o amor de Cristo não diminuiria em relação a mim.
Se pudesse dar um sobrenome a Deus o daria de Justiça. Deus é justo.

sábado, 1 de agosto de 2009

A TENTAÇÃO DE JESUS (MATEUS 4:1-11)

Após Jesus ser batizado por João Batista o Espírito Santo o leva ao deserto para ser tentado pelo diabo. É interessante salientar que quem encaminhou Jesus ao deserto foi o próprio Espírito Santo. É o Espírito Santo quem o conduz para o deserto a fim de ser colocado à prova. Nesta passagem de Mateus capítulo quatro Cristo nos deixa vários ensinamentos, nos leva a refletir sobre a vida humana, a entender o amor de Deus pela humanidade, a nunca ceder às propostas de Satanás, as quais geralmente vêm revestidas de boa aparência, e, também nos faz entender que tipo de cristianismo Ele [Jesus] quer que vivamos. Um cristianismo mais autêntico, mais puro, mais humano, mais compreensivo com os que andam voluvelmente pelo caminho da santidade. Um cristianismo aprovado por Deus e admirado pelos homens.
Mesmo Jesus sendo o primogênito de Deus e o herdeiro de todas as coisas (Cl 1:15) Ele não foi poupado de passar pelo deserto. Cristo nos ensina que na vida humana todos podem vir a passar pelo deserto. No caso de Jesus o deserto foi literal. Já em nosso tempo presente o deserto é simbólico, podendo significar os momentos difíceis que uma pessoa enfrenta - situações nas quais parece tudo estar perdido, momentos de angústia e de dor, instantes de solidão. São muitos os líderes cristãos que se aproveitam dos momentos de fragilidade humana para se beneficiarem. São lideres usurpadores, filhos de Satanás, que não possuem a mínima compaixão pelo necessitado, antes pretendem aproveitar de situações difíceis - onde geralmente o necessitado já está sem animo, e tudo o que lhe é dito acaba sendo acatado como sendo a última alternativa de socorro- para promoverem seus status, amedrontando os fragilizados pelo sol escaldante do deserto.
Seus discursos são basicamente os mesmos, dizem que se você está numa situação financeira desequilibrada é porque deu brecha ao diabo quando deixou de “pagar” o dízimo ou de ofertar na casa do Senhor. Se tudo na sua vida dá errado é porque você está com maldição hereditária, e é preciso quebrar essa maldição participando de sete sextas-feiras de campanhas, ter presença constante nos cultos de quebra de maldição e ir as reuniões de cura interior com veemência – onde provavelmente lhe pediram ofertas como sinal de obediência a Deus. E argumentos é o que não falta para extorquir os leigos espirituais, eles sempre têm uma cartada debaixo da manga, nunca estão errados – aliás, para eles errar é proibido- sempre estão com a razão, questioná-los é rebeldia, deve-se obedecê-los com todo fervor e amor, pois é “somente” para eles que Deus revela sua vontade. É hora de tirarmos as escamas dos nossos olhos. Chega de aceitar tudo como palavra de Deus. É hora de vivermos pela graça de Jesus e não por leis, dogmas e tradições.
O Senhor Jesus nunca teve maldição hereditária, Ele nunca pecou para sofrer juízo divino, antes pelo contrário, sempre foi exemplo de perfeição. Ao conduzi-lo para o deserto Deus revela seu amor por Jesus e pela humanidade. Pois amar é dar o direito do outro não te amar. E foi justamente isso que Deus fez. Ele deu a Jesus o direito de não amá-lo. Ele concedeu a Jesus a oportunidade de não obedecê-lo. Como diz nota de rodapé da Bíblia de Estudo Pentecostal, na página 1219: “Não se pode provar a verdadeira obediência de uma pessoa sem que ela tenha a oportunidade de desobedecer”. Desde os primórdios da história Deus sempre concedeu ao homem a oportunidade de não amá-lo, o Senhor não é um carrasco e nem criou robôs. Quando Adão e Eva foram criados tiveram a oportunidade de desobedecer a Deus, eles não foram marionetes de um Deus poderoso. Deus os deu livre-arbítrio a fim de decidirem o que querem fazer. Infelizmente eles optaram por desobedecer ao Criador. Jesus do mesmo modo também teve sua chance de não amar a Deus, de desobedecê-lo, felizmente ele escolheu obedecer ao Pai celestial, amoroso e justo. A tentação de Jesus no deserto é a maior prova de que Deus sempre acedeu livre-arbítrio ao homem.
Assim somos nós. Muitas vezes estamos no deserto não porque pecamos ou estamos com maldições hereditárias que precisam ser desfeitas. Não porque deixamos de dizimar e ofertar e por isso o diabo entrou e nossas finanças, mas simplesmente por que o Espírito Santo nos conduziu, a fim de fazer de nos pessoas melhores, mais compreensivas umas com as outras, mais cheias de amor pelo próximo, com mais compaixão pelo necessitado. O deserto serve para nos amadurecer, tanto humanamente quanto espiritualmente. É no deserto que reconhecemos que somos miseráveis e que por isso necessitamos urgentemente da graça de Deus.
Outra coisa que esse episódio bíblico nos ensina é que não precisamos ter medo do diabo. No meio evangélico espalhou-se ensinamentos que fazem com que as pessoas temam ao poder de Satanás. Existem cultos de libertação, cultos de repreender o diabo, cultos para quebrar maldições, cultos para amarrar forças malignas e outras barbaridades do gênero. O diabo se tornou o protagonista da vida cristã (perdoe-me pela ironia). Nos cultos se tem dado mais ênfase ao diabo do que a Cristo. Gasta-se mais tempo falando do diabo do que de Jesus. Todo culto tem que expulsar demônios ou repreender as forças de Satanás.
Ao ser tentado no deserto Jesus nos mostra que é maior do que Satanás. Em momento algum Satanás tocou em Jesus. Ele não pode tocar naqueles que são de Cristo. Nenhum cristão que foi lavado e remido no sangue do Cordeiro precisa ter medo de macumba, maldições ou das forças malignas. Mau algum pode lhes tocar. O diabo não tem poder para tocar nos ungido do Senhor.

“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1ª Jo 5:18 – Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995).

Quando estamos no deserto e decidimos obedecer a Cristo as forças malignas são aniquiladas. Nos braços de Cristo tudo se faz novo (2º Co 5:17). Não há necessidade de quebrar maldições, porque nenhuma maldição há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1). E mesmo se pecarmos não sofreremos dano algum, pois onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5:20). A graça é suficiente para nossas vidas. É preciso seguir o exemplo de Cristo. Chega de lamentações e opressões, não é necessário a realização de nenhum sacrifício para atrair a presença de Deus. Nada do que fizermos atrairá a presença de Deus, não existe nada que possamos fazer para chamar a atenção de Deus. Deus nos ama pelo que somos; Ele se agrada quando seus filhos sejam apenas filhos. Filhos que muitas vezes erram e tropeçam, mas que continua sendo filho. Nenhum erro ou pecado por maior que seja vai diminuir o amor de Deus por mim, e nenhum sacrifício ou boa obra que faço vai aumentar o seu amor pela minha vida. Demorei a entender isso, e confesso, apanhei muito da vida por isso. O fato de freqüentar uma igreja, não faltar nos cultos, dar dízimos e ofertas, fazer parte de um ministério, ajudar os necessitados ou ser até mesmo um líder reconhecido pode aumentar o amor de Deus pela minha vida. Ou ainda que eu seja o pior bandido do Brasil, um estuprador, um mentiroso, um assassino frio, homossexual ou até mesmo um ser humano desprezível, nada disso pode fazer com que Deus deixa de nos amar.
Pelos nossos próprios esforços não podemos repreender o diabo e muito menos atrair a atenção de Jesus. Foi Cristo quem nos amou primeiro (1ª Jo 4:19) e nos deu a chance de não amá-lo. Esse é o verdadeiro amor. O amor de Jesus vai além de teologias e explicações formuladas. Seu amor por nós é incomensurável, é sem medida.
Mateus deixa registrado que o diabo fez várias propostas à Jesus com a pretensão de fazê-lo cair em uma cilada. Satanás desejava ardentemente que o Messias se prostrasse e o adorasse. Certamente se isso tivesse acontecido o rumo da humanidade seria completamente diferente.
Jesus nos ensina que não devemos ceder às chantagens do inimigo[1]. Devemos resistir às propostas que aparentemente são bem intencionadas, mas que na realidade nos levam a caminhos tortuosos. Jamais se deve aceitar trocar o amor de Cristo por momentos de felicidade. Quando estamos no deserto surgem (e sempre vai surgir) oportunidades para desagradar a Deus e obter alegria momentânea.
Nunca troque sua felicidade eterna ao lado do Cristo por uma felicidade finita e terrena. Não ceda as chantagens do inimigo, permaneça firme. Não retroceda. Avance rumo à sua vitória[2]; o vitorioso não é aquele que mesmo nas adversidades opta por obedecer a Cristo. É aquela pessoa que não ouve conselhos errados, antes medida nas doces palavras do Salvador de nossas almas.
[1] Entende-se por inimigo tudo o que nos faz desobedecer a Deus. Neste caso, o inimigo é o próprio Diabo.
[2] Não entenda por vitória sucesso financeiro ou obtenção de bens materiais, mas permanência ao lado de Cristo.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

INCERTEZA COTIDIANA

Tenho dúvidas...
Existe no meu ser algo que me atormenta. Uma voz que não se cala... Dúvidas acima de dúvidas.
Gostaria de ter respostas para minhas inquietações, mas tudo o que obtenho são receios incontáveis.
Quando acredito obter uma resposta satisfatória logo em seguida surge uma antítese. Estou numa prisão sem grades. Um tormento incessante em busca de respostas.
Não agüento mais ouvir pessoas que acreditam ter respostas pra tudo. Estou cansado de cristãos que acham que compreendem tudo o que acontece. Que menosprezam a dúvida e odeia a incerteza. Apegam-se em dogmas e tradições e proíbem-se a si mesmos de pensarem.
Encontro-me enfadado com o meio cristão, o qual parece mais uma empresa de prestação de serviços do que o corpo místico de Cristo. Suprir as necessidades físicas, emocionais e existenciais das pessoas se tornou o foco principal da igreja de Cristo. A palavra está sendo usada apenas para confortar corações. O amor de Jesus tem sido medido conforme as bênçãos que se alcança em seu nome. É preciso refletir sobre a graça de Cristo e voltarmos ao primeiro amor.
Pastores e líderes cristãos precisam aceitar que não possuem respostas pra tudo. Precisam parar de inventar respostas onde não há explicação. Não aceito mais respostas formais. Famílias são iludidas com profecias de prosperidade, casamentos desfeitos por revelações forjadas, jovens magoados por falsas promessas de empregos, e assim por diante. E, o pior de tudo é que tudo isso e feito em nome de Jesus.
Fico a imaginar o que diria João Batista se vivesse no século XXI, sabendo que no passado chamou lideres muito melhores do que temos hoje de raça de víboras.
Prefiro viver com dúvidas incessantes a viver aprisionado em falsas promessas religiosas. Prefiro conviver com meus receios a ser marionete de lideres corrupto e sem compaixão.
É melhor viver com os olhos abertos para a realidade do que andar com os olhos fechados nas supostas verdades. Vivo e aprendo a viver com minhas incertezas cotidianas.

terça-feira, 28 de julho de 2009

É PROIBIDO PENSAR

É proibido pensar minha gente. Os dogmas religiosos estão fincados em tradições medievais. Pensar é proibido! Questionar os leigos é inadmissível. Ter dúvidas então: sem palavras.
Recordo-me como se fosse hoje o dia em que sai de uma determinada igreja por apenas pensar e ter dúvidas.
Quando entrei na igreja fui bem aceito por todos, inclusive pela liderança. Não demorou muito e logo me destaquei. Estava feliz, pois fazia o que mais gostava – ensinar as verdades bíblicas às pessoas. Após um tempo fui convidado para ser evangelista, no começo não estava muito animado com a idéia, mas tinha um chamado e não gostaria de fugir dele.
Aceitei o ministério e confesso, me senti muito bem. Parecia que estava fazendo a coisa certa. Pregava na igreja, ajudava na evangelização, organizava eventos e assim por diante. O meu único erro foi que depositei muita confiança no homem, e me esqueci de que o homem é falho e muitas vezes egocêntrico.
As coisas estavam indo bem, até que resolvi fazer faculdade, e o pior de tudo – filosofia. Para mim a filosofia foi uma benção, me ensinou a pensar, fortificou minha fé. Tive a oportunidade de conhecer os pensamentos de pessoas contrárias a fé cristã. E tudo isso serviu para que eu pudesse entender que não há nada melhor do que ser servo de Cristo. Pois Cristo não se enquadra em conceitos e tabus humanos. Ele é a verdade encarnada.
O que aconteceu foi que comecei a incomodar a liderança da igreja. Minhas pregações foram tidas como heresias. Gradualmente fui sendo deixado de lado. Já não estava mais dando abertura aos cultos, e muito menos pregando. Fui deixado a mercê da sorte. Meu ministério já não era mais valorizado; comecei a me sentir oprimido.
Procurei o pastor da igreja e tivemos uma conversa “saudável” (entre aspas porque para mim não foi tão saudável assim). Nessa conversa ele confessou que estava preocupado comigo, disse que eu já não era o mesmo de antes. De acordo com suas palavras, estava preocupado comigo porque comecei a fazer filosofia, e que após ter entrado na faculdade comecei a pregar coisas que a igreja não entendia.
Compreendi o argumento do pastor e decidi corrigir meus erros desde que ele mostrasse na bíblia que eu estava errado. Felizmente ele não conseguiu fazer isso. Pois na verdade ele sabia que eu estava certo, mas estava incomodando ele.
Sem alternativa apelou para o fato de eu ter vindo de uma igreja tradicional e a dele ser pentecostal. Começou a me indagar o que eu era, se tradicional ou se pentecostal. Fiquei de saia justa, pois quando se rotula uma pessoa é mais fácil “derrubá-la” (no bom sentido). Primeiro é preciso rotular para depois se desfazer das ameaças (entenda ameaças como idéias contrárias).
Resumindo a história, após a conversa tivemos de nos separar. Ele continuou na igreja e eu fiquei vagando por um tempo.
Aprendi muito com esse episódio marcante. Aprendi que as pessoas preferem massagear o ego a ouvir palavras desafiadoras. Aprendi que as pessoas querem barulho e “reprepré” [1] a ouvir uma palavra sadia. Aprendi que as pessoas preferem receber favores de Deus a ajudar outros irmãos a se levantarem. Aprendi que para muitos tomar posse da benção é mais importante do que abençoar. Aprendi que viver cercado de dogmas e certezas para a maioria dos cristãos é mais confortante do que uma vida de dúvidas e incertezas, mesmo que os dogmas sejam sacrificantes. Aprendi que viver numa fantasia para muitos é mais gratificante do que enfrentar a realidade quotidiana.
Saímos da Idade Média temporalmente, mas continuamos fincados nela culturalmente. A igreja infelizmente ainda não se libertou dos costumes medievais. Pensar continua sendo opróbrio. Ensinar o povo a pensar é uma desonra, quem assim age é tachado de herege. É hora de reavaliarmos nossas crenças e rompermos com dogmas que aprisionam a mente humana e nos remete a tornarmos marionetes de líderes gananciosos, egoístas e soberbos.
Jesus não nos ensina a aceitarmos tudo com prontidão, antes ele nos manda observar a lei. É preciso julgar todas as coisas e reter apenas o que for bom (1º Tessalonicenses 5:21). É preciso pensar. Chega de aceitar tudo o que se vê no meio evangélico como benção. É hora de rompermos com falsas promessas religiosas e nos apegarmos ao Cristo redentor. Chega de “pais e mães de santo cristãos” que manipulam vidas por meio de promessas e revelações. É necessário expor (abandonar) líderes cristãos que usam da lei da probabilidade com o intuito de manipular pessoas a agirem conforme suas vontades. Tão parecendo mais astrólogos do que servos de Cristo.
É hora de começar a pensar nos atos realizados. Pensar na maneira com estamos agindo diante de Deus.

Como diz Romanos 12:1-3:


Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um.


É preciso se apresentar a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável. Um sacrifício agradável não pode ser penoso e desgastante. A religião tem desgastado ainda mais os oprimidos e os sobrecarregados. Caro leitor, se você é uma dessas pessoas que tem sofrido tentando agradar a Deus é hora de pensar a respeito de qual senhor você está servindo, pois o fardo de Cristo é leve e o seu jugo é suave (Mateus 11:30).

Que Deus os abençoe.
[1] “Reprepré” é uma gíria pentecostal que pode significar barulho e gritaria. É falácia – O ruído de vozes de muitas pessoas que falam, sofisma ou engano que se faz com razões falsas ou mal deduzidas. É uma forma de mascarar a realidade iludindo as pessoas com palavras persuasivas de “bênçãos” e milagres.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

DÚVIDA PERMANENTE

A minha mente é como um vulcão prestes a entrar em erupção. É como uma claridade frouxa que precede a escuridão da noite. Pensamentos vagos e idéias indefinidas. Exaurem-se as certezas. A dúvida toma conta de mim, pareço uma “metamorfose ambulante que não tem resposta formada sobre tudo”. Como diz Ricardo Gondim: “Eu creio, mas tenho dúvidas”.
Não tenho certezas absolutas, muito do que acredito hoje questiono amanhã. O que defendia com unhas e dentes hoje repudio. Sou um ambulante sem rumo.
A dúvida toma conta do meu ser, quero respostas, mas não as tenho. Quando obtenho uma resposta logo ela se esvai com o aparecimento de uma nova dúvida. Concordo com Hegel: A tese sempre tem uma antítese.
A respeito da religião confesso que não tenho respostas pra tudo, ou melhor, não tenho respostas pra quase nada. Não possuo tantas convicções. Apenas creio que Jesus Cristo é suficiente para mim. Que ele morreu por mim na cruz do calvário e me deu vida em abundância. Que não preciso me esforçar pra alcançar a salvação e que tudo que preciso é Cristo em minha vida. Depois disso não tenho mais certezas. Tenho apenas ideais.
Mas não se preocupem comigo, gosto de viver dessa forma. Prefiro viver um dia de cada vez. Prefiro apreciar a beleza da graça redentora de Cristo ao ter que debater conceitos equívocos e que não nos leva a lugar algum. A graça é suficiente.
A religião não comporta pessoas desse tipo. Pessoas duvidosas não são aceitas com simplicidade. Ter dúvidas é um pecado maligno. Questionar é diabólico. É mais fácil pastorear ovelhas do que bodes. Pastores e líderes se sentem protegidos quando os membros de suas respectivas denominações não os questionam. Aliás, questionar o pastor ou o líder é rebeldia. Poupe-me de tanta escrupulosidade.
Chega de deturpar o evangelho da graça. Tudo o que precisamos é aceitar o amor de Cristo, pois Jesus já nos aceitou. Se nós o amamos é porque ele nos amou primeiro
[1]. Não há nada que possamos fazer para sermos aceitos por Deus. Não tem como atrair a presença de Deus. O próprio Jesus se aproxima de cada um de nós sem nada querer em troca. Deus não é comerciante. Sendo assim, posso crer no amor de Deus e continuar tendo dúvidas de muitas coisas. Posso aceitar o perdão de Cristo e sua redenção sobre minha vida e não aceitar que liderem corrompidos pela fama me obriguem a acreditar em tudo o que eles dizem. Não sou (somos) marionete (s) usada (s) por esses manipuladores de auditórios. “Eu creio, mas tenho dúvidas”.
Creio em Jesus como único caminho para a salvação. Mas tenho dúvidas nos caminhos que o “evangelicalismo” tem mostrado ao mundo. Creio que sem a graça de Cristo não sou nada. Mas tenho dúvidas quanto aos sacrifícios que muitos líderes evangélicos se têm exigido para que possamos ser abençoados.
A dúvida não é causadora de males, o que causa desastres espirituais são as respostas autoritárias, que não podem ser questionadas. Jesus sempre foi questionado e nunca precisou dar respostas convincentes, pois Ele próprio ela a resposta que a humanidade precisava. Cristo nunca impediu as pessoas de ter dúvidas. A bíblia incentiva as pessoas a conhecerem a verdade, pois só a verdade nos libertará. E ninguém pode conhecer algo sem antes questionar. Como diz Descartes: “Penso, logo existo”.
Que você possa ter dúvidas constantes e que suas incertezas o ajudem a se aproximar de Cristo. Pois Cristo é a verdade e somente ele tem as respostas que precisamos. Aceite a graça mesmo tendo dúvidas.
[1] 1º João 4:19

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A GENEALOGIA DE JESUS

O livro de Mateus começa com a genealogia de Jesus. Nos primeiros versículos do capítulo primeiro observa-se que houve uma retomada do capítulo 4 dos versos 18 aos 22 do livro de Rute. Esses versículos trazem resumidamente uma árvore genealógica, segundo a qual Salmon é o pai de Boaz. E, fazendo uma breve leitura no livro nota-se que o Boaz casou-se com uma mulher estrangeira cujo nome era Rute. Na genealogia de Mateus além de aparecer o nome de Rute é mencionado o nome de Raabe (MT 1:5) a qual é mãe de Boaz. Não se esquecendo que essa Raabe além de estrangeira era prostituta.
Temos então a figura de duas pessoas “impróprias” para estarem na árvore genealógica de Jesus. Em primeiro lugar está o fato de elas serem mulheres. No antigo testamento mulheres e crianças não possuem tanto valor. As mulheres eram discriminadas e rejeitadas pela cultura da época.
Como se não bastasse, além dessas mulheres serem oriundas de povos pagãos uma era prostituta. No meio de Israel as prostituas eram expostas ao ridículo, elas eram a escória da sociedade. Quando pegas em adultério além de serem expostas ao ridículo eram apedrejadas.
Mesmo com esses impasses Jesus faz questão de nascer de uma família cuja geração provém de estrangeiros. Lembrando que Jesus não nasceu ao acaso, ele próprio sendo Deus escolheu de qual mulher iria nascer. Ele poderia ter escolhido uma família de sangue real ou pais que descendiam 100% de hebreus (os quais eram tidos como o povo escolhido por Deus). Mas Jesus decide nascer em uma família cuja linhagem não é pura. Seu sangue não era 100% do “povo de Deus”. Em sua veia corria sangue de estrangeiros.
A entrada no tempo da graça não poderia ser diferente. Desde os primórdios da história Deus nunca teve um povo exclusivo. O que ele fez foi escolher uma nação como referencial, e não um povo exclusivista. Ele sempre estendeu seu amor aos outros povos. Deus não pode ser considerado com sendo de uma única nação, Ele é o Deus de todos os povos e nações.
É interessante notar que o livro de Mateus começa justamente com a genealogia de Jesus, não ocultando o nome dessas duas mulheres estrangeiras.
Da mesma forma como no passado Deus escolheu uma nação como referencial, no tempo da graça ele escolhe um povo como modelo: a saber, sua igreja – quem dúvida disso é só fazer uma leitura minuciosa do livro de Gálatas.
A igreja (do grego ekklesia) [1] é o referencial de Cristo para a humanidade falida no pecado. Ela não pode em hipótese alguma ser exclusivista. Tem por obrigação acolher todos aqueles que necessitam de socorro, mesmo que essas pessoas sejam “estrangeiras”. Tome estrangeira no sentido de praticar costumes e acreditar diferente do pensamento cristão.
A igreja não é um lugar para se debater conceitos, para dar conforto espiritual aos irmãos antigos e nem para ser usada para os benefícios próprios de alguém ou algum grupo. É obrigação da igreja trazer a paz e praticar a justiça entre cada ser humano, independente da fé professada por cada um deles.
No entanto, tenho notado que não é exatamente isso o que tem acontecido. Muitas igrejas distorcem o evangelho e estão mais parecendo empresas do que igrejas. A igreja atual está perdendo sua identidade. E quando se perde a identidade perdem-se também seus valores e obrigações O meio evangélico está uma baderna, o joio e o trigo realmente são parecidos. Confesso que não são todas as igrejas que se perderam no meio do caminho. Ainda existem homens e mulheres que levam a palavra de Deus a sério. O problema é que a uma grande parte das igrejas evangélicas do Brasil perderam o foco em Cristo. Infelizmente são essas igrejas que estão na mídia. Péssimos líderes têm representado o povo evangélico diante da sociedade. E são justamente eles que fazem com que o ímpio tenha uma visão deturpada da palavra redentora de Cristo.
Há aqueles que não estão na mídia. São pastores de igrejas locais, mas que só não estão na televisão[2] porque ainda não conseguiram. São homens gananciosos, usurpadores e abusadores espirituais. Eles ferem as pessoas e as obriga a fazerem coisas que até Deus dúvida. Não se importam com os sentimentos alheios. Não tem um mínimo de solidariedade. Tudo que fazem é para o benefício próprio.
O “evangelicalismo” atual não suporta mais a graça de Deus. A graça virou apenas mais um conceito como tantos outros. Perdeu seu significado.
Jesus descende de estrangeiros e de uma prostituta, com isso ele nos ensina que não devemos em hipótese alguma fazer acepção de pessoas, pois cada um de nós somos “estrangeiros e prostitutas”. E mesmo assim, Deus nos acolhe sem nada (absolutamente nada) querer em troca. Sendo estrangeiros vindos do pecado Jesus nos recebe como compatriotas de seu Reino. E sendo prostitutas imergidas no erro e sem direção que se deleita com o pecado, Cristo simplesmente nos aceita como somos. Jesus não quer nada em troca pelo seu favor. O seu favor é graça. E a graça de Cristo é inegociável. A igreja não é lugar de “santos” e sim de pecadores.
Preocupo-me com o futuro da igreja atual, a qual separa santos de pecadores. Valoriza e engrandece os homens de bens, e menospreza os marginalizados da sociedade. Líderes cristãos preferem o conforto pessoal à solidariedade. “Pastores”, que nem deveriam usar tal nomenclatura, abusam espiritualmente de suas ovelhas. E quando os oprimidos que estão cansados e fadigados os questionam eles logo dão argumentos como – Você está em rebeldia – Isso é pecado – Quando não, jogam maldições sobre o membro indefeso.A igreja tem por obrigação lutar pelos direitos dos oprimidos. Defender os frágeis e suprir espiritualmente seus membros. Suprir não é e nem tem nada a ver com quebrar maldições, profetizar bênçãos ou fazer campanhas. Suprir é ensinar a palavra autêntica; sem balela sem enrolação. A palavra precisa ser ensinada. Somente conhecendo a verdade o homem pode ser liberto, Cristo é a verdade revelada. Somente Ele pode libertar o homem de sua condição escravizada e lhe dar vida em abundância. O cristianismo é mais do que curar enfermos, expulsar demônios ou fazer sinais de maravilhas. O verdadeiro cristianismo é novo nascimento. É mudança de caráter. É dádiva de Deus, por isso não aceita barganhas. A palavra ensinada não deve ser usada para massagear o eco das pessoas, mas para revelar o amor de Deus.
[1] A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou convosco"). Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento (NT) a palavra tem sentido mais especializado. A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega ekklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo. (Fonte: http://www.vivos.com.br/128.htm, do dia 23/07/2009.
[2] A televisão geralmente é o objetivo maior desses impostores. Rádio, jornal ou qualquer outra mídia servem apenas para adquirirem experiências.

terça-feira, 21 de julho de 2009

INDIGNAÇÃO RELIGIOSA

Hoje ao almoçar liguei a televisão e me deparei com um mago religioso cujo cognome era Pastor. Fiquei indignado com o que vi. Ele estava tomando testemunhos de pessoas que haviam saído de uma crise financeira ao se adentrarem em sua igreja. Essas pessoas foram supostamente vitoriosas apenas por participarem (tome participar como contribuir) da igreja. Jesus as abençoou porque o “mago” ordenou a benção daquelas pessoas. Tive nostalgia apenas de ouvir alguns testemunhos, me dava vontade de chorar e gritar por misericórdia.
Atualmente o cristianismo não necessita mais da graça de Deus, aliás, graça virou apenas mais um conceito teológico e filosófico para ser debatido. O tempo da lei já passou, e o da graça está passando. Surge um novo tempo, o tempo de “tomar posse da benção”. Qualquer um pode sair de uma crise financeira, curar um câncer ou até mesmo “quebrar amarração” (pastores e pais de santos são parceiros), basta ir à igreja A ou a igreja B e assim por diante. O marketing se apoderou das instituições religiosas (as quais estão longe de serem igrejas – Eclésia -) e a competição por resultados é o foco principal. Fico a imaginar o que diria João Batista se vivesse nesse tempo, sabendo que no passado chamou pessoas religiosas bem melhores do que as de hoje de raça de víboras.
O charlatanismo religioso se apoderou das mídias (rádio, TV, jornais, etc) e o evangelho pregado em massa já não têm como objetivo salvar almas e transformar caráter, mas tirar pessoas de suas situações difíceis (geralmente financeira). A graça de Deus já não é mais necessária. Agora o que importa é o que fazemos para receber o favor de Deus. Não somos necessitantes da graça divina e sim merecedores dela. Esse tipo de sermão tem sido comum no meio cristão. O sacrifício de Cristo já não tem tanta relevância.
Esquecemos de que Deus quer obediência e não sacrifício. Obedecer é estar dependente, deixar-se guiar pelas vontades de Deus, observar os mandamentos da palavra. Esse evangelho que se tem pregado é um evangelho de sacrifício e não de obediência. Esses “pais de santos cristãos” querem apenas viver no luxo e longe de dificuldades financeiras. Eles influenciam o pai de família a deixar de colocar o sustento dentro de sua casa para ofertar na igreja. Obrigam a senhora aposentada com um salário mínimo, aonde mais da metade de sua renda vai para farmácias e o restante quase não é suficiente para suprir seus gastos básicos, a dar ofertas abusivas. Fazem com que o desempregado tome dinheiro emprestado para ofertar na “campanha da prosperidade”. E o pior de tudo é quando os resultados não aparecem esses líderes facilmente reverte a culpa para cima dos indefesos, alegando que a vitória financeira não aconteceu porque eles falharam um dia na campanha, estavam em pecado ou ainda chegam ao absurdo de disserem que os as pessoas que não receberam a benção de Deus não a adquiriu porque estavam com maldições em suas vidas; então começa uma nova campanha para quebrar as maldições, onde novamente as pessoas são induzidas a ofertarem para diminuir a burocracia dos céus.
É hora de revermos nossa conduta cristã e os nossos conceitos a respeito do cristianismo. É preciso expor os charlatões e defender os oprimidos. Chega de tanta “macumbaria gospel”, é preciso voltar-se ao evangelho da graça. Graça é favor imerecido, ninguém merece nada, Deus simplesmente nos concede tudo o que precisamos.
Para se obter a graça de Deus não é preciso fazer nada, absolutamente nada, a não ser aceitá-la. Somos salvos pela graça, vivemos pela graça e morreremos pela graça. Sem a graça de Cristo nada podemos fazer.
Felizmente ainda existem profetas que não se dobraram a Baal. Ainda existem homens e mulheres que pregam a palavra não por usurpação, mas, por que se importam com as almas a serem salvas. Tenho profunda admiração por pessoas da quais nem conheço, que estão pregando o evangelho puro e autentico. Pessoas que se importam com o Reino de Deus e com as almas sofridas e abatidas pelos sofrimentos da realidade humana. Campeões anônimos. Que Deus continue abençoando esses vencedores do Reino, concedendo-lhes forças para não se corromperem com o sistema religioso e suprindo suas necessidades básicas para que não se vendam ao mercado gospel.

sábado, 18 de julho de 2009

A LUTA ENTRE OS "EU"

Hoje não estou nos meus melhores dias. Parece que tudo desabou pela manhã.
Ao acordar preferia não ter saído da cama, pois assim talvez fugisse de meus problemas. O termo a ser usado é realmente esse, fugir; soa um tom de covardia e irresponsabilidade, fugir é para os fracos. Mas estou cansado de ser forte, de mostrar aparência de vitorioso e regozijar na desgraça. É hora de ser eu mesmo.
O mundo atual não aceita covardes e fracos. Tais pessoas são tratadas com menosprezo e desconsideração. Mas gostaria de ser “eu” apenas uma vez, de poder mostrar minhas fraquezas, gritar por socorro e chorar sem ser visto com menosprezo. Tudo que quero é ser livre.
Há alguém dentro de mim que quer saltar para fora, que não aceita mais ser aprisionado pelos objetivos alheios. Um “eu novo” quer aparecer, esse é um eu não tão forte como o outro e nem tem respostas prontas para não ser confrontado com o incompreensível. Esse novo eu não é mascarado pelas circunstâncias e nem pelas situações da vida, ele é apenas alguém insignificante para a sociedade e para os “fortes”.
O “eu atual” está blindado contra os ataques alheios, enquanto que o “eu interior” está vulnerável ao menosprezo e a futilidade. O eu exterior não é tão forte o quanto parece, no entanto, não posso negar que é um ótimo ator. Já o eu interior (o novo eu) é resistente até certo ponto. Quando não está mais agüentando ele simplesmente abana a bandeira branca e pedi ajuda. Infelizmente abanar é vergonhoso nesse mundo tão competitivo.
As mascarás não suportarão ao grito do novo eu... Socorro! Preciso respirar! Esse eu não é tão novo assim, ele é o verdadeiro eu de cada ser humano, aquele que foi escondido pelas circunstâncias da vida e pelas opiniões de terceiros, - mas que um dia irá surgir novamente.
Espero que quando ele reaparecer (quando somos crianças só existe ele) estejamos ao lado de verdadeiros companheiros e amigos. Pois acreditem, quando isso acontecer com certeza teremos “gigantes” a serem derrubados, e como não teremos condições físicas para enfrentá-los precisaremos de verdadeiros amigos; amigos que nos ajudem a carregar o nosso fardo, a suportar as desolações cotidianas e o menosprezo por sermos tachados como “diferentes”.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

QUEM SOMOS?

Porque sou o que sou?
Para mim essa é uma pergunta crucial. Antes de responder porque sou o que sou é preciso saber o que sou.
Sou aquilo que as pessoas moldaram ou aquilo que acredito ser? Sou alguém mascarado pela realidade humana ou alguem projetado por Deus? O que sou na verdade?
Essa é uma dúvida que não se esvai, persiste ao tempo e as circunstâncias. Socorro! Preciso de respostas.
Na minha tragetória como cristão, aprendi sobre a ética e a moral cristã. Confesso a vocês, era melhor não ter aprendido. Não da forma que me ensinaram. Aprendi que Deus me ama e que sou um pecador, mas infelizmente me ensinaram somente a teoria. Na prática era totalmente diferente. Quando fazia (e ainda faço) algo de errado logo me arrependo pelo que fiz, e então experimento o amor de Deus me perdoando. Mas, o que acontece é diferente; quando erro me arrependo mais a igreja e a sociedade não me perdoam, dizem que Deus perdoa mas a comunidade eclesiastica da qual faço parte não compreende o amor de Deus, conheci apenas a teoria.
Como o corpo eclesiástico não consegue lidar com o simples fato de Deus perdoar sem nada querer em troca, surge as "doutrinas cristãs", que mais são um montoado de acusações, perseguição, menosprezo e se preparem - ódio- pelo errante. Lembro-me quantas vezes vi pessoas ficarem de banco por cometerem erros, ou expulsas (literalmente) por simplesmente serem pecadoras.
Sempre lembro de uma jovem bonita, simpática e nova convertida. Participei de seu discípulado, ela era uma benção. Certo dia se apaixonou por um jovem e não resistiu a atração sexual. Passados alguns dias descobriu que estava grávida. Orou a Deus e pediu perdão por sua fraqueza, felizmente Deus a perdoo. Mas quem não perdoou foi a "igreja". Isso era lastimável para os membros. A igreja não poderia perdoa-la. Ela iria ser motivo de vergonha e desonra para os membros antigos e até mesmo para o pastor. Como ficaria a visão da igreja para com a sociedade? Ainda mais em uma cidadezinha do interior.
Como consequência de seus atos a igreja se reuniu em assembléia e a excluiu do rol de membros. Ela pagou caro por um erro perdoado por Deus e sempre lembrado pelas pessoas.
Ela se mudou de cidade e casou com o pai de seu filho. Passados alguns meses pude revê-la e sua situação não era das melhores. Estava completamente acabada emocionalmente e desiludida espiritualmente. Não podia nem ouvir falar em igreja, não tinha forças para retornar ao braços de Jesus.
Isso me faz pensar quem eu sou, pois como cristão qual tem sido minha contribuição para o bem estar do próximo, tanto social como espiritualmente. Sou o que sou ou sou o que as pessoas e as circunstâncias me levam a ser? Naquela reunião onde a maioria era a favor da exclusão da moça qual seria a minha e a sua reação? Ficariamos do lado da maioria ou seríamos contra e pagaríamos a consequência de ficar do lado mais frágil?
É mais importante zelar pelo nome da denominação ou ajudar os pecadores como nós se levantarem novamente?
É lamentável como a igreja de Cristo tem chegado a atitudes tão cruéis pouco se importanto com a vida espiritual dos membros. É triste saber que os objetos se tornaram mais importantes do que as pessoas. É hora de retornamos ao evangelho do amor e do perdão, onde nossa reputação não tem a menor importância comparada com a salvação de uma vida. Como diz o próprio Senhor Jesus: Uma alma vale mais do que o mundo inteiro.
Concordo com Jaime Kemp quando diz que os objetos foram feitos para serem usados e as pessoas para serem amadas.

domingo, 28 de junho de 2009

O PORQUE DO BLOG

Esse blog tem por objetivo trazer a luz alguns ensinamento bíblicos que foram esquecidos pela igreja atual, ou melhor, pelos líderes cristãos atuais.
Ao irmos à alguma igreja evangélica, ou até mesmo quando conversamos com nossos amigos cristãos é nítido a 'ignorância" com que defendem a fé em que creêm. Apresso-me em esclarecer - chamo de ignorância a falta de conhecimento bíblico e a forma como são manipulados por ensinamentos errôneos.
Por isso tenho como objetivo quebrar paradigmas, desmascarar ensinos com intuito de manipular inocentes (ou melhor, indefesos) e voltar a Igreja Primitiva e trazer a tona os ensinamentos de Jesus.
Não quero aqui discriminar religiões ou atacar pessoas, mas mostrar o quanto a Igreja Evangélica está cada vez mais distante dos ensinamentos bíblicos.
Deixo um vídeo de João Alexandre para que vocês possam refletir um pouco. Por favor peçam que olhem o vídeo, pois é muito interessante e edificante. Tenho certeza que ele será o começo da nossa caminhada.
Que Deus os abençoe...
Gilberto Souza