SEJAM BEM VINDOS

Podem matar uma, duas ou até três rosas.
Mas não podem deter a primavera.
Podem matar um, dois ou até três revolucionários.
Mas não podem conter a revolta.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

INCERTEZA COTIDIANA

Tenho dúvidas...
Existe no meu ser algo que me atormenta. Uma voz que não se cala... Dúvidas acima de dúvidas.
Gostaria de ter respostas para minhas inquietações, mas tudo o que obtenho são receios incontáveis.
Quando acredito obter uma resposta satisfatória logo em seguida surge uma antítese. Estou numa prisão sem grades. Um tormento incessante em busca de respostas.
Não agüento mais ouvir pessoas que acreditam ter respostas pra tudo. Estou cansado de cristãos que acham que compreendem tudo o que acontece. Que menosprezam a dúvida e odeia a incerteza. Apegam-se em dogmas e tradições e proíbem-se a si mesmos de pensarem.
Encontro-me enfadado com o meio cristão, o qual parece mais uma empresa de prestação de serviços do que o corpo místico de Cristo. Suprir as necessidades físicas, emocionais e existenciais das pessoas se tornou o foco principal da igreja de Cristo. A palavra está sendo usada apenas para confortar corações. O amor de Jesus tem sido medido conforme as bênçãos que se alcança em seu nome. É preciso refletir sobre a graça de Cristo e voltarmos ao primeiro amor.
Pastores e líderes cristãos precisam aceitar que não possuem respostas pra tudo. Precisam parar de inventar respostas onde não há explicação. Não aceito mais respostas formais. Famílias são iludidas com profecias de prosperidade, casamentos desfeitos por revelações forjadas, jovens magoados por falsas promessas de empregos, e assim por diante. E, o pior de tudo é que tudo isso e feito em nome de Jesus.
Fico a imaginar o que diria João Batista se vivesse no século XXI, sabendo que no passado chamou lideres muito melhores do que temos hoje de raça de víboras.
Prefiro viver com dúvidas incessantes a viver aprisionado em falsas promessas religiosas. Prefiro conviver com meus receios a ser marionete de lideres corrupto e sem compaixão.
É melhor viver com os olhos abertos para a realidade do que andar com os olhos fechados nas supostas verdades. Vivo e aprendo a viver com minhas incertezas cotidianas.

terça-feira, 28 de julho de 2009

É PROIBIDO PENSAR

É proibido pensar minha gente. Os dogmas religiosos estão fincados em tradições medievais. Pensar é proibido! Questionar os leigos é inadmissível. Ter dúvidas então: sem palavras.
Recordo-me como se fosse hoje o dia em que sai de uma determinada igreja por apenas pensar e ter dúvidas.
Quando entrei na igreja fui bem aceito por todos, inclusive pela liderança. Não demorou muito e logo me destaquei. Estava feliz, pois fazia o que mais gostava – ensinar as verdades bíblicas às pessoas. Após um tempo fui convidado para ser evangelista, no começo não estava muito animado com a idéia, mas tinha um chamado e não gostaria de fugir dele.
Aceitei o ministério e confesso, me senti muito bem. Parecia que estava fazendo a coisa certa. Pregava na igreja, ajudava na evangelização, organizava eventos e assim por diante. O meu único erro foi que depositei muita confiança no homem, e me esqueci de que o homem é falho e muitas vezes egocêntrico.
As coisas estavam indo bem, até que resolvi fazer faculdade, e o pior de tudo – filosofia. Para mim a filosofia foi uma benção, me ensinou a pensar, fortificou minha fé. Tive a oportunidade de conhecer os pensamentos de pessoas contrárias a fé cristã. E tudo isso serviu para que eu pudesse entender que não há nada melhor do que ser servo de Cristo. Pois Cristo não se enquadra em conceitos e tabus humanos. Ele é a verdade encarnada.
O que aconteceu foi que comecei a incomodar a liderança da igreja. Minhas pregações foram tidas como heresias. Gradualmente fui sendo deixado de lado. Já não estava mais dando abertura aos cultos, e muito menos pregando. Fui deixado a mercê da sorte. Meu ministério já não era mais valorizado; comecei a me sentir oprimido.
Procurei o pastor da igreja e tivemos uma conversa “saudável” (entre aspas porque para mim não foi tão saudável assim). Nessa conversa ele confessou que estava preocupado comigo, disse que eu já não era o mesmo de antes. De acordo com suas palavras, estava preocupado comigo porque comecei a fazer filosofia, e que após ter entrado na faculdade comecei a pregar coisas que a igreja não entendia.
Compreendi o argumento do pastor e decidi corrigir meus erros desde que ele mostrasse na bíblia que eu estava errado. Felizmente ele não conseguiu fazer isso. Pois na verdade ele sabia que eu estava certo, mas estava incomodando ele.
Sem alternativa apelou para o fato de eu ter vindo de uma igreja tradicional e a dele ser pentecostal. Começou a me indagar o que eu era, se tradicional ou se pentecostal. Fiquei de saia justa, pois quando se rotula uma pessoa é mais fácil “derrubá-la” (no bom sentido). Primeiro é preciso rotular para depois se desfazer das ameaças (entenda ameaças como idéias contrárias).
Resumindo a história, após a conversa tivemos de nos separar. Ele continuou na igreja e eu fiquei vagando por um tempo.
Aprendi muito com esse episódio marcante. Aprendi que as pessoas preferem massagear o ego a ouvir palavras desafiadoras. Aprendi que as pessoas querem barulho e “reprepré” [1] a ouvir uma palavra sadia. Aprendi que as pessoas preferem receber favores de Deus a ajudar outros irmãos a se levantarem. Aprendi que para muitos tomar posse da benção é mais importante do que abençoar. Aprendi que viver cercado de dogmas e certezas para a maioria dos cristãos é mais confortante do que uma vida de dúvidas e incertezas, mesmo que os dogmas sejam sacrificantes. Aprendi que viver numa fantasia para muitos é mais gratificante do que enfrentar a realidade quotidiana.
Saímos da Idade Média temporalmente, mas continuamos fincados nela culturalmente. A igreja infelizmente ainda não se libertou dos costumes medievais. Pensar continua sendo opróbrio. Ensinar o povo a pensar é uma desonra, quem assim age é tachado de herege. É hora de reavaliarmos nossas crenças e rompermos com dogmas que aprisionam a mente humana e nos remete a tornarmos marionetes de líderes gananciosos, egoístas e soberbos.
Jesus não nos ensina a aceitarmos tudo com prontidão, antes ele nos manda observar a lei. É preciso julgar todas as coisas e reter apenas o que for bom (1º Tessalonicenses 5:21). É preciso pensar. Chega de aceitar tudo o que se vê no meio evangélico como benção. É hora de rompermos com falsas promessas religiosas e nos apegarmos ao Cristo redentor. Chega de “pais e mães de santo cristãos” que manipulam vidas por meio de promessas e revelações. É necessário expor (abandonar) líderes cristãos que usam da lei da probabilidade com o intuito de manipular pessoas a agirem conforme suas vontades. Tão parecendo mais astrólogos do que servos de Cristo.
É hora de começar a pensar nos atos realizados. Pensar na maneira com estamos agindo diante de Deus.

Como diz Romanos 12:1-3:


Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um.


É preciso se apresentar a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável. Um sacrifício agradável não pode ser penoso e desgastante. A religião tem desgastado ainda mais os oprimidos e os sobrecarregados. Caro leitor, se você é uma dessas pessoas que tem sofrido tentando agradar a Deus é hora de pensar a respeito de qual senhor você está servindo, pois o fardo de Cristo é leve e o seu jugo é suave (Mateus 11:30).

Que Deus os abençoe.
[1] “Reprepré” é uma gíria pentecostal que pode significar barulho e gritaria. É falácia – O ruído de vozes de muitas pessoas que falam, sofisma ou engano que se faz com razões falsas ou mal deduzidas. É uma forma de mascarar a realidade iludindo as pessoas com palavras persuasivas de “bênçãos” e milagres.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

DÚVIDA PERMANENTE

A minha mente é como um vulcão prestes a entrar em erupção. É como uma claridade frouxa que precede a escuridão da noite. Pensamentos vagos e idéias indefinidas. Exaurem-se as certezas. A dúvida toma conta de mim, pareço uma “metamorfose ambulante que não tem resposta formada sobre tudo”. Como diz Ricardo Gondim: “Eu creio, mas tenho dúvidas”.
Não tenho certezas absolutas, muito do que acredito hoje questiono amanhã. O que defendia com unhas e dentes hoje repudio. Sou um ambulante sem rumo.
A dúvida toma conta do meu ser, quero respostas, mas não as tenho. Quando obtenho uma resposta logo ela se esvai com o aparecimento de uma nova dúvida. Concordo com Hegel: A tese sempre tem uma antítese.
A respeito da religião confesso que não tenho respostas pra tudo, ou melhor, não tenho respostas pra quase nada. Não possuo tantas convicções. Apenas creio que Jesus Cristo é suficiente para mim. Que ele morreu por mim na cruz do calvário e me deu vida em abundância. Que não preciso me esforçar pra alcançar a salvação e que tudo que preciso é Cristo em minha vida. Depois disso não tenho mais certezas. Tenho apenas ideais.
Mas não se preocupem comigo, gosto de viver dessa forma. Prefiro viver um dia de cada vez. Prefiro apreciar a beleza da graça redentora de Cristo ao ter que debater conceitos equívocos e que não nos leva a lugar algum. A graça é suficiente.
A religião não comporta pessoas desse tipo. Pessoas duvidosas não são aceitas com simplicidade. Ter dúvidas é um pecado maligno. Questionar é diabólico. É mais fácil pastorear ovelhas do que bodes. Pastores e líderes se sentem protegidos quando os membros de suas respectivas denominações não os questionam. Aliás, questionar o pastor ou o líder é rebeldia. Poupe-me de tanta escrupulosidade.
Chega de deturpar o evangelho da graça. Tudo o que precisamos é aceitar o amor de Cristo, pois Jesus já nos aceitou. Se nós o amamos é porque ele nos amou primeiro
[1]. Não há nada que possamos fazer para sermos aceitos por Deus. Não tem como atrair a presença de Deus. O próprio Jesus se aproxima de cada um de nós sem nada querer em troca. Deus não é comerciante. Sendo assim, posso crer no amor de Deus e continuar tendo dúvidas de muitas coisas. Posso aceitar o perdão de Cristo e sua redenção sobre minha vida e não aceitar que liderem corrompidos pela fama me obriguem a acreditar em tudo o que eles dizem. Não sou (somos) marionete (s) usada (s) por esses manipuladores de auditórios. “Eu creio, mas tenho dúvidas”.
Creio em Jesus como único caminho para a salvação. Mas tenho dúvidas nos caminhos que o “evangelicalismo” tem mostrado ao mundo. Creio que sem a graça de Cristo não sou nada. Mas tenho dúvidas quanto aos sacrifícios que muitos líderes evangélicos se têm exigido para que possamos ser abençoados.
A dúvida não é causadora de males, o que causa desastres espirituais são as respostas autoritárias, que não podem ser questionadas. Jesus sempre foi questionado e nunca precisou dar respostas convincentes, pois Ele próprio ela a resposta que a humanidade precisava. Cristo nunca impediu as pessoas de ter dúvidas. A bíblia incentiva as pessoas a conhecerem a verdade, pois só a verdade nos libertará. E ninguém pode conhecer algo sem antes questionar. Como diz Descartes: “Penso, logo existo”.
Que você possa ter dúvidas constantes e que suas incertezas o ajudem a se aproximar de Cristo. Pois Cristo é a verdade e somente ele tem as respostas que precisamos. Aceite a graça mesmo tendo dúvidas.
[1] 1º João 4:19

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A GENEALOGIA DE JESUS

O livro de Mateus começa com a genealogia de Jesus. Nos primeiros versículos do capítulo primeiro observa-se que houve uma retomada do capítulo 4 dos versos 18 aos 22 do livro de Rute. Esses versículos trazem resumidamente uma árvore genealógica, segundo a qual Salmon é o pai de Boaz. E, fazendo uma breve leitura no livro nota-se que o Boaz casou-se com uma mulher estrangeira cujo nome era Rute. Na genealogia de Mateus além de aparecer o nome de Rute é mencionado o nome de Raabe (MT 1:5) a qual é mãe de Boaz. Não se esquecendo que essa Raabe além de estrangeira era prostituta.
Temos então a figura de duas pessoas “impróprias” para estarem na árvore genealógica de Jesus. Em primeiro lugar está o fato de elas serem mulheres. No antigo testamento mulheres e crianças não possuem tanto valor. As mulheres eram discriminadas e rejeitadas pela cultura da época.
Como se não bastasse, além dessas mulheres serem oriundas de povos pagãos uma era prostituta. No meio de Israel as prostituas eram expostas ao ridículo, elas eram a escória da sociedade. Quando pegas em adultério além de serem expostas ao ridículo eram apedrejadas.
Mesmo com esses impasses Jesus faz questão de nascer de uma família cuja geração provém de estrangeiros. Lembrando que Jesus não nasceu ao acaso, ele próprio sendo Deus escolheu de qual mulher iria nascer. Ele poderia ter escolhido uma família de sangue real ou pais que descendiam 100% de hebreus (os quais eram tidos como o povo escolhido por Deus). Mas Jesus decide nascer em uma família cuja linhagem não é pura. Seu sangue não era 100% do “povo de Deus”. Em sua veia corria sangue de estrangeiros.
A entrada no tempo da graça não poderia ser diferente. Desde os primórdios da história Deus nunca teve um povo exclusivo. O que ele fez foi escolher uma nação como referencial, e não um povo exclusivista. Ele sempre estendeu seu amor aos outros povos. Deus não pode ser considerado com sendo de uma única nação, Ele é o Deus de todos os povos e nações.
É interessante notar que o livro de Mateus começa justamente com a genealogia de Jesus, não ocultando o nome dessas duas mulheres estrangeiras.
Da mesma forma como no passado Deus escolheu uma nação como referencial, no tempo da graça ele escolhe um povo como modelo: a saber, sua igreja – quem dúvida disso é só fazer uma leitura minuciosa do livro de Gálatas.
A igreja (do grego ekklesia) [1] é o referencial de Cristo para a humanidade falida no pecado. Ela não pode em hipótese alguma ser exclusivista. Tem por obrigação acolher todos aqueles que necessitam de socorro, mesmo que essas pessoas sejam “estrangeiras”. Tome estrangeira no sentido de praticar costumes e acreditar diferente do pensamento cristão.
A igreja não é um lugar para se debater conceitos, para dar conforto espiritual aos irmãos antigos e nem para ser usada para os benefícios próprios de alguém ou algum grupo. É obrigação da igreja trazer a paz e praticar a justiça entre cada ser humano, independente da fé professada por cada um deles.
No entanto, tenho notado que não é exatamente isso o que tem acontecido. Muitas igrejas distorcem o evangelho e estão mais parecendo empresas do que igrejas. A igreja atual está perdendo sua identidade. E quando se perde a identidade perdem-se também seus valores e obrigações O meio evangélico está uma baderna, o joio e o trigo realmente são parecidos. Confesso que não são todas as igrejas que se perderam no meio do caminho. Ainda existem homens e mulheres que levam a palavra de Deus a sério. O problema é que a uma grande parte das igrejas evangélicas do Brasil perderam o foco em Cristo. Infelizmente são essas igrejas que estão na mídia. Péssimos líderes têm representado o povo evangélico diante da sociedade. E são justamente eles que fazem com que o ímpio tenha uma visão deturpada da palavra redentora de Cristo.
Há aqueles que não estão na mídia. São pastores de igrejas locais, mas que só não estão na televisão[2] porque ainda não conseguiram. São homens gananciosos, usurpadores e abusadores espirituais. Eles ferem as pessoas e as obriga a fazerem coisas que até Deus dúvida. Não se importam com os sentimentos alheios. Não tem um mínimo de solidariedade. Tudo que fazem é para o benefício próprio.
O “evangelicalismo” atual não suporta mais a graça de Deus. A graça virou apenas mais um conceito como tantos outros. Perdeu seu significado.
Jesus descende de estrangeiros e de uma prostituta, com isso ele nos ensina que não devemos em hipótese alguma fazer acepção de pessoas, pois cada um de nós somos “estrangeiros e prostitutas”. E mesmo assim, Deus nos acolhe sem nada (absolutamente nada) querer em troca. Sendo estrangeiros vindos do pecado Jesus nos recebe como compatriotas de seu Reino. E sendo prostitutas imergidas no erro e sem direção que se deleita com o pecado, Cristo simplesmente nos aceita como somos. Jesus não quer nada em troca pelo seu favor. O seu favor é graça. E a graça de Cristo é inegociável. A igreja não é lugar de “santos” e sim de pecadores.
Preocupo-me com o futuro da igreja atual, a qual separa santos de pecadores. Valoriza e engrandece os homens de bens, e menospreza os marginalizados da sociedade. Líderes cristãos preferem o conforto pessoal à solidariedade. “Pastores”, que nem deveriam usar tal nomenclatura, abusam espiritualmente de suas ovelhas. E quando os oprimidos que estão cansados e fadigados os questionam eles logo dão argumentos como – Você está em rebeldia – Isso é pecado – Quando não, jogam maldições sobre o membro indefeso.A igreja tem por obrigação lutar pelos direitos dos oprimidos. Defender os frágeis e suprir espiritualmente seus membros. Suprir não é e nem tem nada a ver com quebrar maldições, profetizar bênçãos ou fazer campanhas. Suprir é ensinar a palavra autêntica; sem balela sem enrolação. A palavra precisa ser ensinada. Somente conhecendo a verdade o homem pode ser liberto, Cristo é a verdade revelada. Somente Ele pode libertar o homem de sua condição escravizada e lhe dar vida em abundância. O cristianismo é mais do que curar enfermos, expulsar demônios ou fazer sinais de maravilhas. O verdadeiro cristianismo é novo nascimento. É mudança de caráter. É dádiva de Deus, por isso não aceita barganhas. A palavra ensinada não deve ser usada para massagear o eco das pessoas, mas para revelar o amor de Deus.
[1] A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou convosco"). Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento (NT) a palavra tem sentido mais especializado. A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega ekklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo. (Fonte: http://www.vivos.com.br/128.htm, do dia 23/07/2009.
[2] A televisão geralmente é o objetivo maior desses impostores. Rádio, jornal ou qualquer outra mídia servem apenas para adquirirem experiências.

terça-feira, 21 de julho de 2009

INDIGNAÇÃO RELIGIOSA

Hoje ao almoçar liguei a televisão e me deparei com um mago religioso cujo cognome era Pastor. Fiquei indignado com o que vi. Ele estava tomando testemunhos de pessoas que haviam saído de uma crise financeira ao se adentrarem em sua igreja. Essas pessoas foram supostamente vitoriosas apenas por participarem (tome participar como contribuir) da igreja. Jesus as abençoou porque o “mago” ordenou a benção daquelas pessoas. Tive nostalgia apenas de ouvir alguns testemunhos, me dava vontade de chorar e gritar por misericórdia.
Atualmente o cristianismo não necessita mais da graça de Deus, aliás, graça virou apenas mais um conceito teológico e filosófico para ser debatido. O tempo da lei já passou, e o da graça está passando. Surge um novo tempo, o tempo de “tomar posse da benção”. Qualquer um pode sair de uma crise financeira, curar um câncer ou até mesmo “quebrar amarração” (pastores e pais de santos são parceiros), basta ir à igreja A ou a igreja B e assim por diante. O marketing se apoderou das instituições religiosas (as quais estão longe de serem igrejas – Eclésia -) e a competição por resultados é o foco principal. Fico a imaginar o que diria João Batista se vivesse nesse tempo, sabendo que no passado chamou pessoas religiosas bem melhores do que as de hoje de raça de víboras.
O charlatanismo religioso se apoderou das mídias (rádio, TV, jornais, etc) e o evangelho pregado em massa já não têm como objetivo salvar almas e transformar caráter, mas tirar pessoas de suas situações difíceis (geralmente financeira). A graça de Deus já não é mais necessária. Agora o que importa é o que fazemos para receber o favor de Deus. Não somos necessitantes da graça divina e sim merecedores dela. Esse tipo de sermão tem sido comum no meio cristão. O sacrifício de Cristo já não tem tanta relevância.
Esquecemos de que Deus quer obediência e não sacrifício. Obedecer é estar dependente, deixar-se guiar pelas vontades de Deus, observar os mandamentos da palavra. Esse evangelho que se tem pregado é um evangelho de sacrifício e não de obediência. Esses “pais de santos cristãos” querem apenas viver no luxo e longe de dificuldades financeiras. Eles influenciam o pai de família a deixar de colocar o sustento dentro de sua casa para ofertar na igreja. Obrigam a senhora aposentada com um salário mínimo, aonde mais da metade de sua renda vai para farmácias e o restante quase não é suficiente para suprir seus gastos básicos, a dar ofertas abusivas. Fazem com que o desempregado tome dinheiro emprestado para ofertar na “campanha da prosperidade”. E o pior de tudo é quando os resultados não aparecem esses líderes facilmente reverte a culpa para cima dos indefesos, alegando que a vitória financeira não aconteceu porque eles falharam um dia na campanha, estavam em pecado ou ainda chegam ao absurdo de disserem que os as pessoas que não receberam a benção de Deus não a adquiriu porque estavam com maldições em suas vidas; então começa uma nova campanha para quebrar as maldições, onde novamente as pessoas são induzidas a ofertarem para diminuir a burocracia dos céus.
É hora de revermos nossa conduta cristã e os nossos conceitos a respeito do cristianismo. É preciso expor os charlatões e defender os oprimidos. Chega de tanta “macumbaria gospel”, é preciso voltar-se ao evangelho da graça. Graça é favor imerecido, ninguém merece nada, Deus simplesmente nos concede tudo o que precisamos.
Para se obter a graça de Deus não é preciso fazer nada, absolutamente nada, a não ser aceitá-la. Somos salvos pela graça, vivemos pela graça e morreremos pela graça. Sem a graça de Cristo nada podemos fazer.
Felizmente ainda existem profetas que não se dobraram a Baal. Ainda existem homens e mulheres que pregam a palavra não por usurpação, mas, por que se importam com as almas a serem salvas. Tenho profunda admiração por pessoas da quais nem conheço, que estão pregando o evangelho puro e autentico. Pessoas que se importam com o Reino de Deus e com as almas sofridas e abatidas pelos sofrimentos da realidade humana. Campeões anônimos. Que Deus continue abençoando esses vencedores do Reino, concedendo-lhes forças para não se corromperem com o sistema religioso e suprindo suas necessidades básicas para que não se vendam ao mercado gospel.

sábado, 18 de julho de 2009

A LUTA ENTRE OS "EU"

Hoje não estou nos meus melhores dias. Parece que tudo desabou pela manhã.
Ao acordar preferia não ter saído da cama, pois assim talvez fugisse de meus problemas. O termo a ser usado é realmente esse, fugir; soa um tom de covardia e irresponsabilidade, fugir é para os fracos. Mas estou cansado de ser forte, de mostrar aparência de vitorioso e regozijar na desgraça. É hora de ser eu mesmo.
O mundo atual não aceita covardes e fracos. Tais pessoas são tratadas com menosprezo e desconsideração. Mas gostaria de ser “eu” apenas uma vez, de poder mostrar minhas fraquezas, gritar por socorro e chorar sem ser visto com menosprezo. Tudo que quero é ser livre.
Há alguém dentro de mim que quer saltar para fora, que não aceita mais ser aprisionado pelos objetivos alheios. Um “eu novo” quer aparecer, esse é um eu não tão forte como o outro e nem tem respostas prontas para não ser confrontado com o incompreensível. Esse novo eu não é mascarado pelas circunstâncias e nem pelas situações da vida, ele é apenas alguém insignificante para a sociedade e para os “fortes”.
O “eu atual” está blindado contra os ataques alheios, enquanto que o “eu interior” está vulnerável ao menosprezo e a futilidade. O eu exterior não é tão forte o quanto parece, no entanto, não posso negar que é um ótimo ator. Já o eu interior (o novo eu) é resistente até certo ponto. Quando não está mais agüentando ele simplesmente abana a bandeira branca e pedi ajuda. Infelizmente abanar é vergonhoso nesse mundo tão competitivo.
As mascarás não suportarão ao grito do novo eu... Socorro! Preciso respirar! Esse eu não é tão novo assim, ele é o verdadeiro eu de cada ser humano, aquele que foi escondido pelas circunstâncias da vida e pelas opiniões de terceiros, - mas que um dia irá surgir novamente.
Espero que quando ele reaparecer (quando somos crianças só existe ele) estejamos ao lado de verdadeiros companheiros e amigos. Pois acreditem, quando isso acontecer com certeza teremos “gigantes” a serem derrubados, e como não teremos condições físicas para enfrentá-los precisaremos de verdadeiros amigos; amigos que nos ajudem a carregar o nosso fardo, a suportar as desolações cotidianas e o menosprezo por sermos tachados como “diferentes”.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

QUEM SOMOS?

Porque sou o que sou?
Para mim essa é uma pergunta crucial. Antes de responder porque sou o que sou é preciso saber o que sou.
Sou aquilo que as pessoas moldaram ou aquilo que acredito ser? Sou alguém mascarado pela realidade humana ou alguem projetado por Deus? O que sou na verdade?
Essa é uma dúvida que não se esvai, persiste ao tempo e as circunstâncias. Socorro! Preciso de respostas.
Na minha tragetória como cristão, aprendi sobre a ética e a moral cristã. Confesso a vocês, era melhor não ter aprendido. Não da forma que me ensinaram. Aprendi que Deus me ama e que sou um pecador, mas infelizmente me ensinaram somente a teoria. Na prática era totalmente diferente. Quando fazia (e ainda faço) algo de errado logo me arrependo pelo que fiz, e então experimento o amor de Deus me perdoando. Mas, o que acontece é diferente; quando erro me arrependo mais a igreja e a sociedade não me perdoam, dizem que Deus perdoa mas a comunidade eclesiastica da qual faço parte não compreende o amor de Deus, conheci apenas a teoria.
Como o corpo eclesiástico não consegue lidar com o simples fato de Deus perdoar sem nada querer em troca, surge as "doutrinas cristãs", que mais são um montoado de acusações, perseguição, menosprezo e se preparem - ódio- pelo errante. Lembro-me quantas vezes vi pessoas ficarem de banco por cometerem erros, ou expulsas (literalmente) por simplesmente serem pecadoras.
Sempre lembro de uma jovem bonita, simpática e nova convertida. Participei de seu discípulado, ela era uma benção. Certo dia se apaixonou por um jovem e não resistiu a atração sexual. Passados alguns dias descobriu que estava grávida. Orou a Deus e pediu perdão por sua fraqueza, felizmente Deus a perdoo. Mas quem não perdoou foi a "igreja". Isso era lastimável para os membros. A igreja não poderia perdoa-la. Ela iria ser motivo de vergonha e desonra para os membros antigos e até mesmo para o pastor. Como ficaria a visão da igreja para com a sociedade? Ainda mais em uma cidadezinha do interior.
Como consequência de seus atos a igreja se reuniu em assembléia e a excluiu do rol de membros. Ela pagou caro por um erro perdoado por Deus e sempre lembrado pelas pessoas.
Ela se mudou de cidade e casou com o pai de seu filho. Passados alguns meses pude revê-la e sua situação não era das melhores. Estava completamente acabada emocionalmente e desiludida espiritualmente. Não podia nem ouvir falar em igreja, não tinha forças para retornar ao braços de Jesus.
Isso me faz pensar quem eu sou, pois como cristão qual tem sido minha contribuição para o bem estar do próximo, tanto social como espiritualmente. Sou o que sou ou sou o que as pessoas e as circunstâncias me levam a ser? Naquela reunião onde a maioria era a favor da exclusão da moça qual seria a minha e a sua reação? Ficariamos do lado da maioria ou seríamos contra e pagaríamos a consequência de ficar do lado mais frágil?
É mais importante zelar pelo nome da denominação ou ajudar os pecadores como nós se levantarem novamente?
É lamentável como a igreja de Cristo tem chegado a atitudes tão cruéis pouco se importanto com a vida espiritual dos membros. É triste saber que os objetos se tornaram mais importantes do que as pessoas. É hora de retornamos ao evangelho do amor e do perdão, onde nossa reputação não tem a menor importância comparada com a salvação de uma vida. Como diz o próprio Senhor Jesus: Uma alma vale mais do que o mundo inteiro.
Concordo com Jaime Kemp quando diz que os objetos foram feitos para serem usados e as pessoas para serem amadas.