SEJAM BEM VINDOS

Podem matar uma, duas ou até três rosas.
Mas não podem deter a primavera.
Podem matar um, dois ou até três revolucionários.
Mas não podem conter a revolta.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A MAGNITUDE DO SALMO 23 - PARTE II

De acordo com o salmo 23 a segunda constituição do caráter de Deus é a bondade, em outras palavras, sua graça. Graça é favor imerecido. Tudo o que temos e somos é pela graça. Nós não merecemos nada. Cristo simplesmente nos dá o que precisamos. A graça está totalmente ligada à justiça de Deus. É impossível ser cristão sem conhecer a justiça e a graça de Deus. Justiça e graça levam a terceira constituição do caráter de Deus: misericórdia. Tome misericórdia no sentido de compaixão pela miséria e pela dor alheia. Deus não se alegra com a miséria e nem com a dor alheia.
Porque existe miséria? Porque sofremos? Quando essas duas perguntas são feitas entendo a justiça, a graça e a misericórdia de Deus. O “Eu Sou” se importa com o sofrimento alheio, e com toda certeza com a miséria. Você deve estar se perguntando, então porque ele não faz nada? Primeiramente porque é justo, ele não favorece alguns e desfavorece outros, perante o Senhor todos são tratados igualmente. E não devemos nos esquecer que Deus não é culpado da desgraça humana e sim o próprio homem. A miséria não é fruto de Deus, mas do poder econômico mal distribuído e da falta de compromisso dos políticos para com as classes menos favorecidas socialmente. É obrigação de cada cidadão suprir as necessidades do seu próximo, se comover com a miséria e chorar com as injustiças sociais.
A resposta da segunda pergunta - “porque sofremos?” - esta igualada com a da anterior. Deus não se alegra em ver seus filhos sofrerem. É preciso filtrar o tipo de sofrimento em que estamos falando. Uma coisa é o sofrimento por causa do pecado, sendo que o pecado nos leva ao abismo. Quando pecamos estamos caindo dentro de um abismo, e Deus não pode ser responsabilizado por nossos atos pecaminosos. Outra coisa é sofrermos por decisões mal tomadas. Na vida estamos constantemente decidindo algo, seja no trabalho, na escola, na vida profissional, enfim, sempre estamos tomando decisões. E as decisões tomadas equivocadamente são de inteira responsabilidade nossa. É nossa obrigação aprendermos a tomar decisões. E outra coisa totalmente diferente é sofrer por causa das injustiças sociais, pela má distribuição dos recursos públicos, pela ganância dos que representam o povo e pela falta de amor ao próximo.
Existe outro tipo de sofrimento. É um sofrimento que vem quando estamos no deserto não por causa de erros próprios, decisões erradas ou má distribuição dos recursos públicos. Mas porque o Espírito Santo de Deus quer nos ensinar algo.[1]
Outro ensinamento que o salmista nos traz é que devemos nos preparar para os dias maus.


"Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda." (Salmos 23: 4,5).

Todas as pessoas, sendo cristãos, ateus, descrentes ou de qualquer outra crença, estão sujeitas a passar pelo vale, e muitas vezes é o da sombra da morte. Infelizmente o cristianismo televisivo tem ensinado os cristãos a se tornarem “supercrentes”, pessoas que oram e as coisas acontecem imediatamente. Pessoas que se acham no direito de exigir algo de Deus. Ao invés de usarem a mídia como meio de propagação da palavra a usam como subterfúgio para se promoverem. Líderes têm usado a mídia para divulgar suas respeitosas igrejas, seus super poderes de curar ou expulsar demônios, ao invés de usá-la para ensinar a Palavra do Deus vivo a todas as pessoas. Ensinar que somos humanos, que somos de carne e osso e por isso poderemos vir a passar por vales da sombra da morte, e que todas as pessoas podem passar por dificuldades terríveis. Nem todos terão sucesso financeiro, e nem todos serão bem sucedidos.
Ao invés de fazerem com que as pessoas de sintam amedrontadas deveriam ensiná-las a amar a Deus. Nenhum evangélico que é lavado pelo sangue de Jesus precisa ter medo de maldição. O salmista já sabia disso e condena no salmo 23 as superstições religiosas. Ninguém precisa de 318 pastores fazendo “orações fortes” pela sua vida, não é necessário quebrar maldições e nem mesmo fazer campanhas para prosperar. Maior é o que está em nós do que o que está no mundo (1Jo 4:4). No calvário Jesus quebrou toda maldição. O véu do templo se rasgou e hoje temos livre acesso a Deus. Você não precisa de 318 pastores orando por sua vida e nem de alguém que faça uma oração forte em prol a você. Analise os textos a seguir e reflita um pouco.

Mateus 27:50-54,


E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, pois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos. E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.


Marcos 15:37-39,


E Jesus, dando um grande brado, expirou. E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo. E o centurião, que estava defronte dele, vendo que assim clamando expirara, disse: Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.


Lucas 23:44,45,


E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol; E rasgou-se ao meio o véu do templo.



Você é livre para se achegar até Deus. Você tem livre acesso a Jesus. Jesus morreu pelos nossos pecados não porque merecíamos, mas porque seu amor nos abrangeu. Davi sabia que o amor de Deus o abrangia, no versículo 4 do salmo 23 ele diz: “Ainda que eu andasse pelo vale...; esse ainda é um advérbio de dúvida. Eu posso chegar a passar pelo vale, mas também posso nunca entrar no vale. E mesmo que venhamos a passar pelo vale devemos nos posicionar perseverantemente diante da provação, pois o refrigério vai chegar. Esse refrigério é a mão de Deus nos socorrendo, é a graça de Jesus nos alcançando. O refrigério nem sempre é bênção financeira, é meios de escape que o Senhor nos concede diante das adversidades.
Em último lugar o Rei Davi nos ensina proficuamente de que a fé não pode ser apenas sobrenatural. Ela precisa ser racional, dotada de ética e valores. A fé é firmada e não aleatória. Ela é estável. Não está sujeita as incertezas do acaso.
[1] Sobre esse tipo de sofrimento está melhor exposto no texto cujo nome é - A tentação de Jesus.

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