SEJAM BEM VINDOS

Podem matar uma, duas ou até três rosas.
Mas não podem deter a primavera.
Podem matar um, dois ou até três revolucionários.
Mas não podem conter a revolta.

sábado, 1 de agosto de 2009

A TENTAÇÃO DE JESUS (MATEUS 4:1-11)

Após Jesus ser batizado por João Batista o Espírito Santo o leva ao deserto para ser tentado pelo diabo. É interessante salientar que quem encaminhou Jesus ao deserto foi o próprio Espírito Santo. É o Espírito Santo quem o conduz para o deserto a fim de ser colocado à prova. Nesta passagem de Mateus capítulo quatro Cristo nos deixa vários ensinamentos, nos leva a refletir sobre a vida humana, a entender o amor de Deus pela humanidade, a nunca ceder às propostas de Satanás, as quais geralmente vêm revestidas de boa aparência, e, também nos faz entender que tipo de cristianismo Ele [Jesus] quer que vivamos. Um cristianismo mais autêntico, mais puro, mais humano, mais compreensivo com os que andam voluvelmente pelo caminho da santidade. Um cristianismo aprovado por Deus e admirado pelos homens.
Mesmo Jesus sendo o primogênito de Deus e o herdeiro de todas as coisas (Cl 1:15) Ele não foi poupado de passar pelo deserto. Cristo nos ensina que na vida humana todos podem vir a passar pelo deserto. No caso de Jesus o deserto foi literal. Já em nosso tempo presente o deserto é simbólico, podendo significar os momentos difíceis que uma pessoa enfrenta - situações nas quais parece tudo estar perdido, momentos de angústia e de dor, instantes de solidão. São muitos os líderes cristãos que se aproveitam dos momentos de fragilidade humana para se beneficiarem. São lideres usurpadores, filhos de Satanás, que não possuem a mínima compaixão pelo necessitado, antes pretendem aproveitar de situações difíceis - onde geralmente o necessitado já está sem animo, e tudo o que lhe é dito acaba sendo acatado como sendo a última alternativa de socorro- para promoverem seus status, amedrontando os fragilizados pelo sol escaldante do deserto.
Seus discursos são basicamente os mesmos, dizem que se você está numa situação financeira desequilibrada é porque deu brecha ao diabo quando deixou de “pagar” o dízimo ou de ofertar na casa do Senhor. Se tudo na sua vida dá errado é porque você está com maldição hereditária, e é preciso quebrar essa maldição participando de sete sextas-feiras de campanhas, ter presença constante nos cultos de quebra de maldição e ir as reuniões de cura interior com veemência – onde provavelmente lhe pediram ofertas como sinal de obediência a Deus. E argumentos é o que não falta para extorquir os leigos espirituais, eles sempre têm uma cartada debaixo da manga, nunca estão errados – aliás, para eles errar é proibido- sempre estão com a razão, questioná-los é rebeldia, deve-se obedecê-los com todo fervor e amor, pois é “somente” para eles que Deus revela sua vontade. É hora de tirarmos as escamas dos nossos olhos. Chega de aceitar tudo como palavra de Deus. É hora de vivermos pela graça de Jesus e não por leis, dogmas e tradições.
O Senhor Jesus nunca teve maldição hereditária, Ele nunca pecou para sofrer juízo divino, antes pelo contrário, sempre foi exemplo de perfeição. Ao conduzi-lo para o deserto Deus revela seu amor por Jesus e pela humanidade. Pois amar é dar o direito do outro não te amar. E foi justamente isso que Deus fez. Ele deu a Jesus o direito de não amá-lo. Ele concedeu a Jesus a oportunidade de não obedecê-lo. Como diz nota de rodapé da Bíblia de Estudo Pentecostal, na página 1219: “Não se pode provar a verdadeira obediência de uma pessoa sem que ela tenha a oportunidade de desobedecer”. Desde os primórdios da história Deus sempre concedeu ao homem a oportunidade de não amá-lo, o Senhor não é um carrasco e nem criou robôs. Quando Adão e Eva foram criados tiveram a oportunidade de desobedecer a Deus, eles não foram marionetes de um Deus poderoso. Deus os deu livre-arbítrio a fim de decidirem o que querem fazer. Infelizmente eles optaram por desobedecer ao Criador. Jesus do mesmo modo também teve sua chance de não amar a Deus, de desobedecê-lo, felizmente ele escolheu obedecer ao Pai celestial, amoroso e justo. A tentação de Jesus no deserto é a maior prova de que Deus sempre acedeu livre-arbítrio ao homem.
Assim somos nós. Muitas vezes estamos no deserto não porque pecamos ou estamos com maldições hereditárias que precisam ser desfeitas. Não porque deixamos de dizimar e ofertar e por isso o diabo entrou e nossas finanças, mas simplesmente por que o Espírito Santo nos conduziu, a fim de fazer de nos pessoas melhores, mais compreensivas umas com as outras, mais cheias de amor pelo próximo, com mais compaixão pelo necessitado. O deserto serve para nos amadurecer, tanto humanamente quanto espiritualmente. É no deserto que reconhecemos que somos miseráveis e que por isso necessitamos urgentemente da graça de Deus.
Outra coisa que esse episódio bíblico nos ensina é que não precisamos ter medo do diabo. No meio evangélico espalhou-se ensinamentos que fazem com que as pessoas temam ao poder de Satanás. Existem cultos de libertação, cultos de repreender o diabo, cultos para quebrar maldições, cultos para amarrar forças malignas e outras barbaridades do gênero. O diabo se tornou o protagonista da vida cristã (perdoe-me pela ironia). Nos cultos se tem dado mais ênfase ao diabo do que a Cristo. Gasta-se mais tempo falando do diabo do que de Jesus. Todo culto tem que expulsar demônios ou repreender as forças de Satanás.
Ao ser tentado no deserto Jesus nos mostra que é maior do que Satanás. Em momento algum Satanás tocou em Jesus. Ele não pode tocar naqueles que são de Cristo. Nenhum cristão que foi lavado e remido no sangue do Cordeiro precisa ter medo de macumba, maldições ou das forças malignas. Mau algum pode lhes tocar. O diabo não tem poder para tocar nos ungido do Senhor.

“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1ª Jo 5:18 – Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995).

Quando estamos no deserto e decidimos obedecer a Cristo as forças malignas são aniquiladas. Nos braços de Cristo tudo se faz novo (2º Co 5:17). Não há necessidade de quebrar maldições, porque nenhuma maldição há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1). E mesmo se pecarmos não sofreremos dano algum, pois onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5:20). A graça é suficiente para nossas vidas. É preciso seguir o exemplo de Cristo. Chega de lamentações e opressões, não é necessário a realização de nenhum sacrifício para atrair a presença de Deus. Nada do que fizermos atrairá a presença de Deus, não existe nada que possamos fazer para chamar a atenção de Deus. Deus nos ama pelo que somos; Ele se agrada quando seus filhos sejam apenas filhos. Filhos que muitas vezes erram e tropeçam, mas que continua sendo filho. Nenhum erro ou pecado por maior que seja vai diminuir o amor de Deus por mim, e nenhum sacrifício ou boa obra que faço vai aumentar o seu amor pela minha vida. Demorei a entender isso, e confesso, apanhei muito da vida por isso. O fato de freqüentar uma igreja, não faltar nos cultos, dar dízimos e ofertas, fazer parte de um ministério, ajudar os necessitados ou ser até mesmo um líder reconhecido pode aumentar o amor de Deus pela minha vida. Ou ainda que eu seja o pior bandido do Brasil, um estuprador, um mentiroso, um assassino frio, homossexual ou até mesmo um ser humano desprezível, nada disso pode fazer com que Deus deixa de nos amar.
Pelos nossos próprios esforços não podemos repreender o diabo e muito menos atrair a atenção de Jesus. Foi Cristo quem nos amou primeiro (1ª Jo 4:19) e nos deu a chance de não amá-lo. Esse é o verdadeiro amor. O amor de Jesus vai além de teologias e explicações formuladas. Seu amor por nós é incomensurável, é sem medida.
Mateus deixa registrado que o diabo fez várias propostas à Jesus com a pretensão de fazê-lo cair em uma cilada. Satanás desejava ardentemente que o Messias se prostrasse e o adorasse. Certamente se isso tivesse acontecido o rumo da humanidade seria completamente diferente.
Jesus nos ensina que não devemos ceder às chantagens do inimigo[1]. Devemos resistir às propostas que aparentemente são bem intencionadas, mas que na realidade nos levam a caminhos tortuosos. Jamais se deve aceitar trocar o amor de Cristo por momentos de felicidade. Quando estamos no deserto surgem (e sempre vai surgir) oportunidades para desagradar a Deus e obter alegria momentânea.
Nunca troque sua felicidade eterna ao lado do Cristo por uma felicidade finita e terrena. Não ceda as chantagens do inimigo, permaneça firme. Não retroceda. Avance rumo à sua vitória[2]; o vitorioso não é aquele que mesmo nas adversidades opta por obedecer a Cristo. É aquela pessoa que não ouve conselhos errados, antes medida nas doces palavras do Salvador de nossas almas.
[1] Entende-se por inimigo tudo o que nos faz desobedecer a Deus. Neste caso, o inimigo é o próprio Diabo.
[2] Não entenda por vitória sucesso financeiro ou obtenção de bens materiais, mas permanência ao lado de Cristo.

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