SEJAM BEM VINDOS

Podem matar uma, duas ou até três rosas.
Mas não podem deter a primavera.
Podem matar um, dois ou até três revolucionários.
Mas não podem conter a revolta.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

AS BEM-AVENTURANÇAS PARTE II

Nas bem-aventuranças temos um modelo a ser seguido. Jesus revela que tipo de cristãos e de igreja ele quer que sejamos. Devemos ser cristãos firmados em Cristo. Precisamos andar como Jesus andou. É obrigação da igreja e de cada um se posicionar com defensores dos desprivilegiados socialmente e espiritualmente[1].
A igreja tem por obrigação suprir as necessidades espirituais e sociais de seus membros. Na carta que Tiago escreve para as doze tribos que andam dispersas no capitulo 2 dos versos 14 aos 26 ele trata sobre a questão espiritual e social. Tiago diz que a fé sem obras é morta, se tivermos fé e não realizarmos as obras de nada se aproveita nossa fé. Ela não serve pra nada. Tiago iguala fé e obras. Em outras palavras, de acordo com Tiago a fé tem o mesmo peso que o social.


Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?
E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?
Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesmo.
Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.
Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. (Tiago 2:1-17, 24,26 – Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, Versão Almeida e Corrigida, Edição de 1995).


Não há proveito algum a igreja ensinar a palavra e não suprir as necessidades dos membros. Quando me refiro a igreja não estou me referindo ao sistema eclesiástico e nem tampouco ao templo. Refiro-me ao grupo de pessoas que se unem para adorar a Deus. É obrigação de cada um de nós – como noivas de Cristo – socorrer aos que estão em situações difíceis, sendo eles processante da mesma fé ou não.
No sermão da montanha Jesus usa a expressão limpos de coração. Limpo de coração não significa jamais errar, nunca pensar em bobagens ou nunca pecar. Ser limpo de coração é viver em novidade de vida com Cristo (colocar o novo que se renova) dia após dia. É aprender a se levantar após uma queda, a chorar e não prostrado. Limpos de coração são pessoas que não se fazem de vitimas das situações, mas que encaram seus medos, suas duvidas, erros e imperfeições de frente, sabendo que é Cristo quem nos aperfeiçoa a fim de sermos aprovados por Deus.
Os filhos de Deus são pacificadores. São agentes da paz. No tempo da graça todos os que aceitam a Jesus como unico9 e suficiente salvado são considerados filhos de Deus (Jô 1:11-12). Os filhos de Deus são homens e mulheres que não vivem segundo a vontade de suas carnes (Jo 1:13), mas de Deus. A carne luta contra o Espírito, e Jô Espírito, contra a carne (Ef 5:17). Os filhos de Deus são cumpridores e obediente à palavra, são cheios do Espírito Santo, e, de acordo com Mateus, pacificadores.
Os filhos de Jesus promovem restituição da paz nos lugares assolados, propugnam a paz universal.
É triste ver tantas pessoas que dizem ser cristãs não terem o mínimo de tolerância e compaixão. Pessoas vingativas, egocêntricas, avarentas, usurpadores. “Cristãos” que se esqueceram que não estão mais no tempo da lei. Olho por olho e dente por dente saiu de cena. Entra em cena o virar a outra face.
Pior ainda é quando essas pessoas se encontram em lideranças eclesiásticas. Muitos líderes estão sofrendo perseguições, mas não é por causa da justiça. De acordo com as bem-aventuranças é mais do que feliz aqueles que sofrem perseguição por caudas da justiça.
São muitos os lideres que estão sendo perseguidos porque são corruptos, amantes de si mesmos, mentirosos, aproveitadores de situações. Ele sempre tem desculpas na ponta da língua para se livrarem de acusações, para esconderem seus erros. Sempre estão certos, nunca erram questioná-los é rebeldia.
Devemos sofrer perseguições porque estamos fazendo a diferença no mundo falecido em pecado, desigualdades sociais e distante de Cristo. Devemos ser injuriados porque incomodamos opressores e defendemos os injustiçados – tanto secularmente quanto de dentro da igreja. Devemos padecer por mentiras alheia, não pelas próprias.
É hora de revermos nossos conceitos cristãos, reavaliarmos nossa fé e examinarmos com atenção nossas obras.
Que o sermão da montanha, também conhecido com bem-aventuranças possa ser um modelo de vida cristã a ser seguido (obedecido) e uma realidade presente em cada um de nós.
[1] Espiritualmente no sentido de exclusão eclesiástica. São pessoas vistas com preconceito, tachadas de pecadoras e muitas vezes até de contrárias as doutrinas. São pessoas pobres de espírito que não são aceitas pelos “ricos de espírito”.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

AS BEM-AVENTURANÇAS PARTE I

Em Mateus capítulo 5 se encontra o primeiro sermão de Jesus. Não foi exatamente o primeiro, pois no capítulo anterior Ele já havia pregado na cidade de Cafarnaum, mas com certeza foi o pivô de seu ministério.
Nas bem-aventuranças Jesus cumpre a lei do antigo Testamento. Enquanto no antigo testamento Moisés fala em nome de Deus, como porta-voz do Altíssimo. No novo testamento - a partir das bem-aventuranças Jesus se iguala a Deus. Não só se iguala como diz ser o próprio Deus. Cristo fala em seu próprio nome. Em Jesus todo o antigo testyamento9 é cumprido. A lei deixa de Sr necessária. A graça entra em vigor.
As bem-aventuranças revelam esse novo tempo. Nela está explícita a vontade de Deus. Mateus 5:3-12 é o manual do cristão. É um padrão de conduta pa5ra todos aqueles que decidem andar com Cristo.
Neste sermão Jesus revela qual a vontade de Deus para com àqueles que o servem. E, também Jesus deixa claro qual o tipo de Deus ele jê. A identidade de Cristo é revelada.
Sua identidade é totalmente contrária a dos deuses pagãos. No novo testamento quem dominava econômica e politicamente eram os romanos. Contudo, a cultura predominante era grega. Os deuses romanos e gregos estavam fortemente espalhados culturalmente. Além da cultura Greco-romana a Galiléia e sua proximidades, entre elas Cafarnaum, eram habitadas por egípcios, árabes, fenícios e judeus.
[1]
O “Eu Sou” não era o único Deus da época.[2] Sendo assim, Deus se revela ao homem por intermédio de Jesus. Cristo se distancia dos deuses da época devido a seu propósito. Jesus é o único Deus que se torna homem e se faz pecado pela humanidade a fim de resgatá-la. Ele é o único Deus que se faz homem para morrer em prol a criaturas miseráveis e ingratas. Ele é o único Deus da historia que ama a raça humana incondicionalmente, a ponto de lhes preparar um lugar junto com Ele (Jo 14:1,2).
Diferente dos deuses gregos Jesus não é vingativo. É um Deus presente. Um Deus que participa ativamente de sua criação.
Como cristãos
[3]precisamos ser imitadores de Cristo, obedecendo a sua palavra e andando como ele andou. O messias nas bem-aventuranças diz que bem aventurado os mansos porque herdarão a terra, e bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão fartos. Nessas duas bem-aventuranças é preciso refletir um pouco, pois caso contrário entraremos em contradição. Como dito acima Jesus não é um Deus vingativo, Ele ama suas criaturas e se importa com cada um de nós. Da mesma forma nós cristãos devemos deixar a vingança de lado e viver com Cristo viveu. Precisamos ter um temperamento sereno, ser de índole pacifica. Cultivarmos o amor. É lamentável a situação em muitos chegaram. Quando alguém sofre alguma injustiça não é difícil ouvir alguém dizer que entrega nas mãos de Deus ou que Deus vai fazer justiça. Isso é lastimável, Jesus nunca aceitaria isso. Ter fome e sede de justiça não é ficar esperando que as pessoas que nos machucaram ou ofenderam, ou que nos injustiçaram sejam punidas com severidade. Ter fome e sede de justiça vai muito, além disso. É lutar pela igualdade, defender os oprimidos, ajudar os necessitados. Cobrar os políticos pela falta de justiça social. É lutar pelos direitos do próximo. É não se conformar com a mediocridade do sistema[4].
No sermão do monte pode-se observar que Jesus se interessa por maltrapilhos. O interesse do mestre é por pessoas marginalizadas da sociedade. Seu interesse é por aqueles que vivem fora do âmbito da sociedade ou da “lei”
[5], como vagabundos, mendigos e/ou delinqüentes.
Jesus não exclui nenhuma camada social da sua presença. Para ele todas as camadas são iguais. Ele ama a todos. No entanto, Jesus abandona seu conforto, “seus interesses pessoais” como todo humano possui para se dedicar aos exauridos, aos cansados, aos oprimidos, enfim, a classe menos favorecida da época. Ele anda com mendigos, prostitutas, publicanos e toda “imundícia” de gente.
Recordo-me de certa vez que fui evangelizar na rua. Era final de ano. Um empresário da igreja em que freqüentava doou alguns panetones para a evangelização. Eu juntamente com os jovens da igreja saí euforicamente à noite pelas ruas da cidade entregando panetones e pregando a palavra aos mendigos, prostitutas e homossexuais.
Lembro-me do rosto um jovem morador de rua; semblante abatido, vida praticamente destruída. Tinha uma profunda vontade de sair daquela condição, queria mudar de vida, mas, infelizmente não lhe davam oportunidades de trabalho, e já desanimado não tinha mais animo e nem motivo para se alegrar e continuar a lutar para sair das ruas.
Fiz-lhe um convite. Solicitei que ele passasse a virada de ano conosco na igreja. Disse que a igreja iria fazer um grande banquete de final de ano e que ficaria muito grato se ele fosse comigo. Ele seria meu convidado de honra. Aceitou o convite com muita satisfação, seu semblante sorriu alargamente. Sua feição ficou com um tom de alegria e confiança.
Aquele rapaz com certeza se sentiu amado.
Chegado o dia de ano o buscamos e o levamos até a igreja. Ele estava eufórico e irradiante. Desditosamente o destino, ou melhor, a falta de compaixão das pessoas que diziam serem cristãs, lhe preparou um puxão de tapete.
Aquele jovem chegou juntamente comigo na igreja, ao adentrarmos as pessoas me cumprimentavam com um abraço e um beijo no rosto, já ele era cumprimentado com um simples aperto de mão dado as lonjuras.
Durante toda a virada de ano ele foi menosprezado, olhado com desdém e tratado como um maltrapilho que estava no lugar errado.
Esse fato que acabei de relatar não é isolado. Ele se repete constantemente nas igrejas. Todos de certa forma somos egoístas, egocêntricos. Precisamos aprender a lidar com as diferenças. Conviver com o “diferente” não é uma tarefa fácil, mas é necessária. Jesus diz que mais do que feliz são os pobres de espírito, precisamos esvaziar de nós mesmos para que o Espírito Santo nos encha com seus frutos espirituais (Gl 5:16-26). Somente quando as pessoas “santarronas” aceitarem suas condições de miseráveis, de dependente da graça que necessita urgentemente do amor de Jesus é que estaremos (cristãos) aptos para servir a Cristo. Enquanto acharmos que somos "ricos de espírito” não poderemos desfrutar das maravilhas que Jesus tem nos preparado. Os pobres de espírito não têm orgulho, não há soberba, eles aceitam suas condições e aprendem a conviver com isso, eles não fingem ser o que não são. Eles entendem que dependem de Cristo e se entrega totalmente. Não há vontade própria, somente necessidade de Jesus.
[1] Dicionário Bíblico, Editora Didática Paulista, Direção Editorial de Moacir da Cunha Viana.
[2] O Antigo Testamento é uma luta entre deuses. Jeová (Eu Sou) é o Deus dos deuses e Senhor dos Senhores. Ele é o todo poderoso. Nunca existiu outro deus capaz de vencê-lo. Através do seu povo escolhido seu nome era temido em toda a terra.
[3] Pequenos cristos. Discípulos de Cristo. Alunos de Jesus.
[4] Entende-se por sistema o modo de governo, de administração (publica ou privada) e de organização social.
[5] Tomem de fora da lei pessoas que não se enquadram no ideal de vida urbana. E também pessoas que não se enquadram no ideal religioso. São pessoas excluídas da sociedade ou da religião “boa” (se é que existe).

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A MAGNITUDE DO SALMO 23 - PARTE II

De acordo com o salmo 23 a segunda constituição do caráter de Deus é a bondade, em outras palavras, sua graça. Graça é favor imerecido. Tudo o que temos e somos é pela graça. Nós não merecemos nada. Cristo simplesmente nos dá o que precisamos. A graça está totalmente ligada à justiça de Deus. É impossível ser cristão sem conhecer a justiça e a graça de Deus. Justiça e graça levam a terceira constituição do caráter de Deus: misericórdia. Tome misericórdia no sentido de compaixão pela miséria e pela dor alheia. Deus não se alegra com a miséria e nem com a dor alheia.
Porque existe miséria? Porque sofremos? Quando essas duas perguntas são feitas entendo a justiça, a graça e a misericórdia de Deus. O “Eu Sou” se importa com o sofrimento alheio, e com toda certeza com a miséria. Você deve estar se perguntando, então porque ele não faz nada? Primeiramente porque é justo, ele não favorece alguns e desfavorece outros, perante o Senhor todos são tratados igualmente. E não devemos nos esquecer que Deus não é culpado da desgraça humana e sim o próprio homem. A miséria não é fruto de Deus, mas do poder econômico mal distribuído e da falta de compromisso dos políticos para com as classes menos favorecidas socialmente. É obrigação de cada cidadão suprir as necessidades do seu próximo, se comover com a miséria e chorar com as injustiças sociais.
A resposta da segunda pergunta - “porque sofremos?” - esta igualada com a da anterior. Deus não se alegra em ver seus filhos sofrerem. É preciso filtrar o tipo de sofrimento em que estamos falando. Uma coisa é o sofrimento por causa do pecado, sendo que o pecado nos leva ao abismo. Quando pecamos estamos caindo dentro de um abismo, e Deus não pode ser responsabilizado por nossos atos pecaminosos. Outra coisa é sofrermos por decisões mal tomadas. Na vida estamos constantemente decidindo algo, seja no trabalho, na escola, na vida profissional, enfim, sempre estamos tomando decisões. E as decisões tomadas equivocadamente são de inteira responsabilidade nossa. É nossa obrigação aprendermos a tomar decisões. E outra coisa totalmente diferente é sofrer por causa das injustiças sociais, pela má distribuição dos recursos públicos, pela ganância dos que representam o povo e pela falta de amor ao próximo.
Existe outro tipo de sofrimento. É um sofrimento que vem quando estamos no deserto não por causa de erros próprios, decisões erradas ou má distribuição dos recursos públicos. Mas porque o Espírito Santo de Deus quer nos ensinar algo.[1]
Outro ensinamento que o salmista nos traz é que devemos nos preparar para os dias maus.


"Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda." (Salmos 23: 4,5).

Todas as pessoas, sendo cristãos, ateus, descrentes ou de qualquer outra crença, estão sujeitas a passar pelo vale, e muitas vezes é o da sombra da morte. Infelizmente o cristianismo televisivo tem ensinado os cristãos a se tornarem “supercrentes”, pessoas que oram e as coisas acontecem imediatamente. Pessoas que se acham no direito de exigir algo de Deus. Ao invés de usarem a mídia como meio de propagação da palavra a usam como subterfúgio para se promoverem. Líderes têm usado a mídia para divulgar suas respeitosas igrejas, seus super poderes de curar ou expulsar demônios, ao invés de usá-la para ensinar a Palavra do Deus vivo a todas as pessoas. Ensinar que somos humanos, que somos de carne e osso e por isso poderemos vir a passar por vales da sombra da morte, e que todas as pessoas podem passar por dificuldades terríveis. Nem todos terão sucesso financeiro, e nem todos serão bem sucedidos.
Ao invés de fazerem com que as pessoas de sintam amedrontadas deveriam ensiná-las a amar a Deus. Nenhum evangélico que é lavado pelo sangue de Jesus precisa ter medo de maldição. O salmista já sabia disso e condena no salmo 23 as superstições religiosas. Ninguém precisa de 318 pastores fazendo “orações fortes” pela sua vida, não é necessário quebrar maldições e nem mesmo fazer campanhas para prosperar. Maior é o que está em nós do que o que está no mundo (1Jo 4:4). No calvário Jesus quebrou toda maldição. O véu do templo se rasgou e hoje temos livre acesso a Deus. Você não precisa de 318 pastores orando por sua vida e nem de alguém que faça uma oração forte em prol a você. Analise os textos a seguir e reflita um pouco.

Mateus 27:50-54,


E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, pois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos. E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.


Marcos 15:37-39,


E Jesus, dando um grande brado, expirou. E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo. E o centurião, que estava defronte dele, vendo que assim clamando expirara, disse: Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.


Lucas 23:44,45,


E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol; E rasgou-se ao meio o véu do templo.



Você é livre para se achegar até Deus. Você tem livre acesso a Jesus. Jesus morreu pelos nossos pecados não porque merecíamos, mas porque seu amor nos abrangeu. Davi sabia que o amor de Deus o abrangia, no versículo 4 do salmo 23 ele diz: “Ainda que eu andasse pelo vale...; esse ainda é um advérbio de dúvida. Eu posso chegar a passar pelo vale, mas também posso nunca entrar no vale. E mesmo que venhamos a passar pelo vale devemos nos posicionar perseverantemente diante da provação, pois o refrigério vai chegar. Esse refrigério é a mão de Deus nos socorrendo, é a graça de Jesus nos alcançando. O refrigério nem sempre é bênção financeira, é meios de escape que o Senhor nos concede diante das adversidades.
Em último lugar o Rei Davi nos ensina proficuamente de que a fé não pode ser apenas sobrenatural. Ela precisa ser racional, dotada de ética e valores. A fé é firmada e não aleatória. Ela é estável. Não está sujeita as incertezas do acaso.
[1] Sobre esse tipo de sofrimento está melhor exposto no texto cujo nome é - A tentação de Jesus.

A MAGNITUDE DO SALMO 23 - PARTE I

Quero aqui olhar para o salmo 23 de outro ângulo, e mostrar o quão magnífico é este texto.
Primeiramente observo que Davi compara os servos de Deus à ovelhas. Acredito que esse cotejamento é excelente. A comparação feita por Davi revela nossa fragilidade humana (Jo 15:5b). O homem é um ser efêmero (no sentido de fraqueza) assim como uma ovelha. Com o objetivo de "suportar" essa fragilidade ele busca a paz nos lugares mais remotos, muitas vezes por caminhos tortuosos e desesperadores. Muitos desses caminhos se apresentam em forma de religiões - observe que usei o termo religiões, pois as religiões cativam e aprisionam seus seguidores. O Salmo 23 apresenta um pastor como guia, o único que nos leva ao encontro da paz que buscamos. O Senhor deste salmo é uma pessoa e não uma religião. É alguém presente e não um "guru" evangélico que não se preocupa com as ovelhas.
Nos versículos de número um e dois a frase “nada me faltará” não tem nada a ver com a teologia da prosperidade. Ao usar essa frase Davi não está se referindo a bens materiais, mas a meios de escape que o Senhor nos concede para caminharmos rumo às águas tranqüilas. Esses meios de escape não são, ou, não é, em hipótese alguma uma referência a promessas. Não é uma privação de dificuldade. Jesus não promete livrar ninguém da luta, antes, pelo contrário, o que Ele nos diz é que no mundo teríamos aflições, e que devemos ter bom animo, pois Ele venceu o mundo (Jo 16:33).
As pessoas devem vir ao cristianismo de coração aberto e com gratidão a Deus, e não por promessas que são feitas pelos “gurus” evangélicos. Existe um ditado evangélico que diz que quem não vem por amor vem pela dor – esse é apenas um dos muitos ditados errôneos que foram sendo introduzidos no meio do povo de Deus. Isso não existe, a pessoa vem porque decidiu se entregar. Jesus não obriga ninguém a servi-lo. Todos que o aceitam são mediante suas próprias vontades. Fomos constituídos por livre-arbitrio, sendo assim, em minha opinião é uma vergonha quando alguém diz que veio ao cristianismo mediante a dor. É lamentável como os cristãos usam os termos errados devido à privação do conhecimento. Quem veio sem dor veio por amor, e quem veio mediante as desgraças humanas também veio porque decidiu vim. Ao morrer na cruz do calvário Cristo aceitou a todos como filhos, Ele estendeu os braços para toda a humanidade. Sua graça abrange a todas as camadas sociais, a todas as raças, todas as nações, todas as culturas. A graça é sublime. Basta aceitarmos sua maravilhosa graça e reconhecermos o quanto precisamos Dele. Não há sacrifício, apenas decisão.
Deus na figura de Jesus não obriga ninguém a servi-lo, Ele não castiga ninguém porque decidiu viver longe de sua majestosa presença. Cada um que o ama é porque Ele amou primeiro (1 Jo 4:19), foi Ele quem amou sua criatura quando as formou, foi Ele quem ama seus filhos mesmo quando todos viram as costas, e foi Ele quem se entregou na cruz fazendo maldição por cada um de nós. Sendo assim, ninguém ama a Deus porque sofreu certos importunos, mas o ama porque sua graça se estende até ao mais vil pecador. O amor de Deus é puro e verdadeiro.
O Salmo 23 revela que o caráter de Deus é constituído de justiça, bondade e misericórdia (versos 3 e 6). A preocupação de Deus não é em nos dar bênçãos, mas fazer com que trilhemos caminhos de justiça. Esse salmo revela a maior e mais bela verdade do evangelho: A Justiça de Deus. Em Mateus 5:45 Jesus diz que o Pai Celestial faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.
Em nossa condição humana é difícil entender a justiça de Deus, pois como pode Deus abençoar o cristão sincero na mesma proporção do ateu? Ou que Deus é esse que abençoa o pai de família da mesma forma de abençoa o pedófilo? Não é a toa que a Bíblia diz que os pensamentos de Deus não são os nossos. Esse texto de salmo mostra que os cristãos não são melhores que ninguém, Deus ama todos na mesma proporção. Ele abençoa a todos com sua graça imensurável. Podemos ser os “melhores cristãos”, dando o dízimo, as ofertas, participando de campanhas, orando no monte e no vale, expulsando demônios, ou fazendo qualquer outra coisa em nome de Deus e mesmo assim o amor do Pai não aumentaria por mim. Ou poderia escolher ser o pior cidadão, roubando, matando, destruindo famílias, longe de igrejas, e assim por diante, da mesma forma o amor de Cristo não diminuiria em relação a mim.
Se pudesse dar um sobrenome a Deus o daria de Justiça. Deus é justo.

sábado, 1 de agosto de 2009

A TENTAÇÃO DE JESUS (MATEUS 4:1-11)

Após Jesus ser batizado por João Batista o Espírito Santo o leva ao deserto para ser tentado pelo diabo. É interessante salientar que quem encaminhou Jesus ao deserto foi o próprio Espírito Santo. É o Espírito Santo quem o conduz para o deserto a fim de ser colocado à prova. Nesta passagem de Mateus capítulo quatro Cristo nos deixa vários ensinamentos, nos leva a refletir sobre a vida humana, a entender o amor de Deus pela humanidade, a nunca ceder às propostas de Satanás, as quais geralmente vêm revestidas de boa aparência, e, também nos faz entender que tipo de cristianismo Ele [Jesus] quer que vivamos. Um cristianismo mais autêntico, mais puro, mais humano, mais compreensivo com os que andam voluvelmente pelo caminho da santidade. Um cristianismo aprovado por Deus e admirado pelos homens.
Mesmo Jesus sendo o primogênito de Deus e o herdeiro de todas as coisas (Cl 1:15) Ele não foi poupado de passar pelo deserto. Cristo nos ensina que na vida humana todos podem vir a passar pelo deserto. No caso de Jesus o deserto foi literal. Já em nosso tempo presente o deserto é simbólico, podendo significar os momentos difíceis que uma pessoa enfrenta - situações nas quais parece tudo estar perdido, momentos de angústia e de dor, instantes de solidão. São muitos os líderes cristãos que se aproveitam dos momentos de fragilidade humana para se beneficiarem. São lideres usurpadores, filhos de Satanás, que não possuem a mínima compaixão pelo necessitado, antes pretendem aproveitar de situações difíceis - onde geralmente o necessitado já está sem animo, e tudo o que lhe é dito acaba sendo acatado como sendo a última alternativa de socorro- para promoverem seus status, amedrontando os fragilizados pelo sol escaldante do deserto.
Seus discursos são basicamente os mesmos, dizem que se você está numa situação financeira desequilibrada é porque deu brecha ao diabo quando deixou de “pagar” o dízimo ou de ofertar na casa do Senhor. Se tudo na sua vida dá errado é porque você está com maldição hereditária, e é preciso quebrar essa maldição participando de sete sextas-feiras de campanhas, ter presença constante nos cultos de quebra de maldição e ir as reuniões de cura interior com veemência – onde provavelmente lhe pediram ofertas como sinal de obediência a Deus. E argumentos é o que não falta para extorquir os leigos espirituais, eles sempre têm uma cartada debaixo da manga, nunca estão errados – aliás, para eles errar é proibido- sempre estão com a razão, questioná-los é rebeldia, deve-se obedecê-los com todo fervor e amor, pois é “somente” para eles que Deus revela sua vontade. É hora de tirarmos as escamas dos nossos olhos. Chega de aceitar tudo como palavra de Deus. É hora de vivermos pela graça de Jesus e não por leis, dogmas e tradições.
O Senhor Jesus nunca teve maldição hereditária, Ele nunca pecou para sofrer juízo divino, antes pelo contrário, sempre foi exemplo de perfeição. Ao conduzi-lo para o deserto Deus revela seu amor por Jesus e pela humanidade. Pois amar é dar o direito do outro não te amar. E foi justamente isso que Deus fez. Ele deu a Jesus o direito de não amá-lo. Ele concedeu a Jesus a oportunidade de não obedecê-lo. Como diz nota de rodapé da Bíblia de Estudo Pentecostal, na página 1219: “Não se pode provar a verdadeira obediência de uma pessoa sem que ela tenha a oportunidade de desobedecer”. Desde os primórdios da história Deus sempre concedeu ao homem a oportunidade de não amá-lo, o Senhor não é um carrasco e nem criou robôs. Quando Adão e Eva foram criados tiveram a oportunidade de desobedecer a Deus, eles não foram marionetes de um Deus poderoso. Deus os deu livre-arbítrio a fim de decidirem o que querem fazer. Infelizmente eles optaram por desobedecer ao Criador. Jesus do mesmo modo também teve sua chance de não amar a Deus, de desobedecê-lo, felizmente ele escolheu obedecer ao Pai celestial, amoroso e justo. A tentação de Jesus no deserto é a maior prova de que Deus sempre acedeu livre-arbítrio ao homem.
Assim somos nós. Muitas vezes estamos no deserto não porque pecamos ou estamos com maldições hereditárias que precisam ser desfeitas. Não porque deixamos de dizimar e ofertar e por isso o diabo entrou e nossas finanças, mas simplesmente por que o Espírito Santo nos conduziu, a fim de fazer de nos pessoas melhores, mais compreensivas umas com as outras, mais cheias de amor pelo próximo, com mais compaixão pelo necessitado. O deserto serve para nos amadurecer, tanto humanamente quanto espiritualmente. É no deserto que reconhecemos que somos miseráveis e que por isso necessitamos urgentemente da graça de Deus.
Outra coisa que esse episódio bíblico nos ensina é que não precisamos ter medo do diabo. No meio evangélico espalhou-se ensinamentos que fazem com que as pessoas temam ao poder de Satanás. Existem cultos de libertação, cultos de repreender o diabo, cultos para quebrar maldições, cultos para amarrar forças malignas e outras barbaridades do gênero. O diabo se tornou o protagonista da vida cristã (perdoe-me pela ironia). Nos cultos se tem dado mais ênfase ao diabo do que a Cristo. Gasta-se mais tempo falando do diabo do que de Jesus. Todo culto tem que expulsar demônios ou repreender as forças de Satanás.
Ao ser tentado no deserto Jesus nos mostra que é maior do que Satanás. Em momento algum Satanás tocou em Jesus. Ele não pode tocar naqueles que são de Cristo. Nenhum cristão que foi lavado e remido no sangue do Cordeiro precisa ter medo de macumba, maldições ou das forças malignas. Mau algum pode lhes tocar. O diabo não tem poder para tocar nos ungido do Senhor.

“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1ª Jo 5:18 – Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995).

Quando estamos no deserto e decidimos obedecer a Cristo as forças malignas são aniquiladas. Nos braços de Cristo tudo se faz novo (2º Co 5:17). Não há necessidade de quebrar maldições, porque nenhuma maldição há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1). E mesmo se pecarmos não sofreremos dano algum, pois onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5:20). A graça é suficiente para nossas vidas. É preciso seguir o exemplo de Cristo. Chega de lamentações e opressões, não é necessário a realização de nenhum sacrifício para atrair a presença de Deus. Nada do que fizermos atrairá a presença de Deus, não existe nada que possamos fazer para chamar a atenção de Deus. Deus nos ama pelo que somos; Ele se agrada quando seus filhos sejam apenas filhos. Filhos que muitas vezes erram e tropeçam, mas que continua sendo filho. Nenhum erro ou pecado por maior que seja vai diminuir o amor de Deus por mim, e nenhum sacrifício ou boa obra que faço vai aumentar o seu amor pela minha vida. Demorei a entender isso, e confesso, apanhei muito da vida por isso. O fato de freqüentar uma igreja, não faltar nos cultos, dar dízimos e ofertas, fazer parte de um ministério, ajudar os necessitados ou ser até mesmo um líder reconhecido pode aumentar o amor de Deus pela minha vida. Ou ainda que eu seja o pior bandido do Brasil, um estuprador, um mentiroso, um assassino frio, homossexual ou até mesmo um ser humano desprezível, nada disso pode fazer com que Deus deixa de nos amar.
Pelos nossos próprios esforços não podemos repreender o diabo e muito menos atrair a atenção de Jesus. Foi Cristo quem nos amou primeiro (1ª Jo 4:19) e nos deu a chance de não amá-lo. Esse é o verdadeiro amor. O amor de Jesus vai além de teologias e explicações formuladas. Seu amor por nós é incomensurável, é sem medida.
Mateus deixa registrado que o diabo fez várias propostas à Jesus com a pretensão de fazê-lo cair em uma cilada. Satanás desejava ardentemente que o Messias se prostrasse e o adorasse. Certamente se isso tivesse acontecido o rumo da humanidade seria completamente diferente.
Jesus nos ensina que não devemos ceder às chantagens do inimigo[1]. Devemos resistir às propostas que aparentemente são bem intencionadas, mas que na realidade nos levam a caminhos tortuosos. Jamais se deve aceitar trocar o amor de Cristo por momentos de felicidade. Quando estamos no deserto surgem (e sempre vai surgir) oportunidades para desagradar a Deus e obter alegria momentânea.
Nunca troque sua felicidade eterna ao lado do Cristo por uma felicidade finita e terrena. Não ceda as chantagens do inimigo, permaneça firme. Não retroceda. Avance rumo à sua vitória[2]; o vitorioso não é aquele que mesmo nas adversidades opta por obedecer a Cristo. É aquela pessoa que não ouve conselhos errados, antes medida nas doces palavras do Salvador de nossas almas.
[1] Entende-se por inimigo tudo o que nos faz desobedecer a Deus. Neste caso, o inimigo é o próprio Diabo.
[2] Não entenda por vitória sucesso financeiro ou obtenção de bens materiais, mas permanência ao lado de Cristo.