SEJAM BEM VINDOS

Podem matar uma, duas ou até três rosas.
Mas não podem deter a primavera.
Podem matar um, dois ou até três revolucionários.
Mas não podem conter a revolta.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

AS BEM-AVENTURANÇAS PARTE I

Em Mateus capítulo 5 se encontra o primeiro sermão de Jesus. Não foi exatamente o primeiro, pois no capítulo anterior Ele já havia pregado na cidade de Cafarnaum, mas com certeza foi o pivô de seu ministério.
Nas bem-aventuranças Jesus cumpre a lei do antigo Testamento. Enquanto no antigo testamento Moisés fala em nome de Deus, como porta-voz do Altíssimo. No novo testamento - a partir das bem-aventuranças Jesus se iguala a Deus. Não só se iguala como diz ser o próprio Deus. Cristo fala em seu próprio nome. Em Jesus todo o antigo testyamento9 é cumprido. A lei deixa de Sr necessária. A graça entra em vigor.
As bem-aventuranças revelam esse novo tempo. Nela está explícita a vontade de Deus. Mateus 5:3-12 é o manual do cristão. É um padrão de conduta pa5ra todos aqueles que decidem andar com Cristo.
Neste sermão Jesus revela qual a vontade de Deus para com àqueles que o servem. E, também Jesus deixa claro qual o tipo de Deus ele jê. A identidade de Cristo é revelada.
Sua identidade é totalmente contrária a dos deuses pagãos. No novo testamento quem dominava econômica e politicamente eram os romanos. Contudo, a cultura predominante era grega. Os deuses romanos e gregos estavam fortemente espalhados culturalmente. Além da cultura Greco-romana a Galiléia e sua proximidades, entre elas Cafarnaum, eram habitadas por egípcios, árabes, fenícios e judeus.
[1]
O “Eu Sou” não era o único Deus da época.[2] Sendo assim, Deus se revela ao homem por intermédio de Jesus. Cristo se distancia dos deuses da época devido a seu propósito. Jesus é o único Deus que se torna homem e se faz pecado pela humanidade a fim de resgatá-la. Ele é o único Deus que se faz homem para morrer em prol a criaturas miseráveis e ingratas. Ele é o único Deus da historia que ama a raça humana incondicionalmente, a ponto de lhes preparar um lugar junto com Ele (Jo 14:1,2).
Diferente dos deuses gregos Jesus não é vingativo. É um Deus presente. Um Deus que participa ativamente de sua criação.
Como cristãos
[3]precisamos ser imitadores de Cristo, obedecendo a sua palavra e andando como ele andou. O messias nas bem-aventuranças diz que bem aventurado os mansos porque herdarão a terra, e bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão fartos. Nessas duas bem-aventuranças é preciso refletir um pouco, pois caso contrário entraremos em contradição. Como dito acima Jesus não é um Deus vingativo, Ele ama suas criaturas e se importa com cada um de nós. Da mesma forma nós cristãos devemos deixar a vingança de lado e viver com Cristo viveu. Precisamos ter um temperamento sereno, ser de índole pacifica. Cultivarmos o amor. É lamentável a situação em muitos chegaram. Quando alguém sofre alguma injustiça não é difícil ouvir alguém dizer que entrega nas mãos de Deus ou que Deus vai fazer justiça. Isso é lastimável, Jesus nunca aceitaria isso. Ter fome e sede de justiça não é ficar esperando que as pessoas que nos machucaram ou ofenderam, ou que nos injustiçaram sejam punidas com severidade. Ter fome e sede de justiça vai muito, além disso. É lutar pela igualdade, defender os oprimidos, ajudar os necessitados. Cobrar os políticos pela falta de justiça social. É lutar pelos direitos do próximo. É não se conformar com a mediocridade do sistema[4].
No sermão do monte pode-se observar que Jesus se interessa por maltrapilhos. O interesse do mestre é por pessoas marginalizadas da sociedade. Seu interesse é por aqueles que vivem fora do âmbito da sociedade ou da “lei”
[5], como vagabundos, mendigos e/ou delinqüentes.
Jesus não exclui nenhuma camada social da sua presença. Para ele todas as camadas são iguais. Ele ama a todos. No entanto, Jesus abandona seu conforto, “seus interesses pessoais” como todo humano possui para se dedicar aos exauridos, aos cansados, aos oprimidos, enfim, a classe menos favorecida da época. Ele anda com mendigos, prostitutas, publicanos e toda “imundícia” de gente.
Recordo-me de certa vez que fui evangelizar na rua. Era final de ano. Um empresário da igreja em que freqüentava doou alguns panetones para a evangelização. Eu juntamente com os jovens da igreja saí euforicamente à noite pelas ruas da cidade entregando panetones e pregando a palavra aos mendigos, prostitutas e homossexuais.
Lembro-me do rosto um jovem morador de rua; semblante abatido, vida praticamente destruída. Tinha uma profunda vontade de sair daquela condição, queria mudar de vida, mas, infelizmente não lhe davam oportunidades de trabalho, e já desanimado não tinha mais animo e nem motivo para se alegrar e continuar a lutar para sair das ruas.
Fiz-lhe um convite. Solicitei que ele passasse a virada de ano conosco na igreja. Disse que a igreja iria fazer um grande banquete de final de ano e que ficaria muito grato se ele fosse comigo. Ele seria meu convidado de honra. Aceitou o convite com muita satisfação, seu semblante sorriu alargamente. Sua feição ficou com um tom de alegria e confiança.
Aquele rapaz com certeza se sentiu amado.
Chegado o dia de ano o buscamos e o levamos até a igreja. Ele estava eufórico e irradiante. Desditosamente o destino, ou melhor, a falta de compaixão das pessoas que diziam serem cristãs, lhe preparou um puxão de tapete.
Aquele jovem chegou juntamente comigo na igreja, ao adentrarmos as pessoas me cumprimentavam com um abraço e um beijo no rosto, já ele era cumprimentado com um simples aperto de mão dado as lonjuras.
Durante toda a virada de ano ele foi menosprezado, olhado com desdém e tratado como um maltrapilho que estava no lugar errado.
Esse fato que acabei de relatar não é isolado. Ele se repete constantemente nas igrejas. Todos de certa forma somos egoístas, egocêntricos. Precisamos aprender a lidar com as diferenças. Conviver com o “diferente” não é uma tarefa fácil, mas é necessária. Jesus diz que mais do que feliz são os pobres de espírito, precisamos esvaziar de nós mesmos para que o Espírito Santo nos encha com seus frutos espirituais (Gl 5:16-26). Somente quando as pessoas “santarronas” aceitarem suas condições de miseráveis, de dependente da graça que necessita urgentemente do amor de Jesus é que estaremos (cristãos) aptos para servir a Cristo. Enquanto acharmos que somos "ricos de espírito” não poderemos desfrutar das maravilhas que Jesus tem nos preparado. Os pobres de espírito não têm orgulho, não há soberba, eles aceitam suas condições e aprendem a conviver com isso, eles não fingem ser o que não são. Eles entendem que dependem de Cristo e se entrega totalmente. Não há vontade própria, somente necessidade de Jesus.
[1] Dicionário Bíblico, Editora Didática Paulista, Direção Editorial de Moacir da Cunha Viana.
[2] O Antigo Testamento é uma luta entre deuses. Jeová (Eu Sou) é o Deus dos deuses e Senhor dos Senhores. Ele é o todo poderoso. Nunca existiu outro deus capaz de vencê-lo. Através do seu povo escolhido seu nome era temido em toda a terra.
[3] Pequenos cristos. Discípulos de Cristo. Alunos de Jesus.
[4] Entende-se por sistema o modo de governo, de administração (publica ou privada) e de organização social.
[5] Tomem de fora da lei pessoas que não se enquadram no ideal de vida urbana. E também pessoas que não se enquadram no ideal religioso. São pessoas excluídas da sociedade ou da religião “boa” (se é que existe).

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