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Podem matar uma, duas ou até três rosas.
Mas não podem deter a primavera.
Podem matar um, dois ou até três revolucionários.
Mas não podem conter a revolta.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A GENEALOGIA DE JESUS

O livro de Mateus começa com a genealogia de Jesus. Nos primeiros versículos do capítulo primeiro observa-se que houve uma retomada do capítulo 4 dos versos 18 aos 22 do livro de Rute. Esses versículos trazem resumidamente uma árvore genealógica, segundo a qual Salmon é o pai de Boaz. E, fazendo uma breve leitura no livro nota-se que o Boaz casou-se com uma mulher estrangeira cujo nome era Rute. Na genealogia de Mateus além de aparecer o nome de Rute é mencionado o nome de Raabe (MT 1:5) a qual é mãe de Boaz. Não se esquecendo que essa Raabe além de estrangeira era prostituta.
Temos então a figura de duas pessoas “impróprias” para estarem na árvore genealógica de Jesus. Em primeiro lugar está o fato de elas serem mulheres. No antigo testamento mulheres e crianças não possuem tanto valor. As mulheres eram discriminadas e rejeitadas pela cultura da época.
Como se não bastasse, além dessas mulheres serem oriundas de povos pagãos uma era prostituta. No meio de Israel as prostituas eram expostas ao ridículo, elas eram a escória da sociedade. Quando pegas em adultério além de serem expostas ao ridículo eram apedrejadas.
Mesmo com esses impasses Jesus faz questão de nascer de uma família cuja geração provém de estrangeiros. Lembrando que Jesus não nasceu ao acaso, ele próprio sendo Deus escolheu de qual mulher iria nascer. Ele poderia ter escolhido uma família de sangue real ou pais que descendiam 100% de hebreus (os quais eram tidos como o povo escolhido por Deus). Mas Jesus decide nascer em uma família cuja linhagem não é pura. Seu sangue não era 100% do “povo de Deus”. Em sua veia corria sangue de estrangeiros.
A entrada no tempo da graça não poderia ser diferente. Desde os primórdios da história Deus nunca teve um povo exclusivo. O que ele fez foi escolher uma nação como referencial, e não um povo exclusivista. Ele sempre estendeu seu amor aos outros povos. Deus não pode ser considerado com sendo de uma única nação, Ele é o Deus de todos os povos e nações.
É interessante notar que o livro de Mateus começa justamente com a genealogia de Jesus, não ocultando o nome dessas duas mulheres estrangeiras.
Da mesma forma como no passado Deus escolheu uma nação como referencial, no tempo da graça ele escolhe um povo como modelo: a saber, sua igreja – quem dúvida disso é só fazer uma leitura minuciosa do livro de Gálatas.
A igreja (do grego ekklesia) [1] é o referencial de Cristo para a humanidade falida no pecado. Ela não pode em hipótese alguma ser exclusivista. Tem por obrigação acolher todos aqueles que necessitam de socorro, mesmo que essas pessoas sejam “estrangeiras”. Tome estrangeira no sentido de praticar costumes e acreditar diferente do pensamento cristão.
A igreja não é um lugar para se debater conceitos, para dar conforto espiritual aos irmãos antigos e nem para ser usada para os benefícios próprios de alguém ou algum grupo. É obrigação da igreja trazer a paz e praticar a justiça entre cada ser humano, independente da fé professada por cada um deles.
No entanto, tenho notado que não é exatamente isso o que tem acontecido. Muitas igrejas distorcem o evangelho e estão mais parecendo empresas do que igrejas. A igreja atual está perdendo sua identidade. E quando se perde a identidade perdem-se também seus valores e obrigações O meio evangélico está uma baderna, o joio e o trigo realmente são parecidos. Confesso que não são todas as igrejas que se perderam no meio do caminho. Ainda existem homens e mulheres que levam a palavra de Deus a sério. O problema é que a uma grande parte das igrejas evangélicas do Brasil perderam o foco em Cristo. Infelizmente são essas igrejas que estão na mídia. Péssimos líderes têm representado o povo evangélico diante da sociedade. E são justamente eles que fazem com que o ímpio tenha uma visão deturpada da palavra redentora de Cristo.
Há aqueles que não estão na mídia. São pastores de igrejas locais, mas que só não estão na televisão[2] porque ainda não conseguiram. São homens gananciosos, usurpadores e abusadores espirituais. Eles ferem as pessoas e as obriga a fazerem coisas que até Deus dúvida. Não se importam com os sentimentos alheios. Não tem um mínimo de solidariedade. Tudo que fazem é para o benefício próprio.
O “evangelicalismo” atual não suporta mais a graça de Deus. A graça virou apenas mais um conceito como tantos outros. Perdeu seu significado.
Jesus descende de estrangeiros e de uma prostituta, com isso ele nos ensina que não devemos em hipótese alguma fazer acepção de pessoas, pois cada um de nós somos “estrangeiros e prostitutas”. E mesmo assim, Deus nos acolhe sem nada (absolutamente nada) querer em troca. Sendo estrangeiros vindos do pecado Jesus nos recebe como compatriotas de seu Reino. E sendo prostitutas imergidas no erro e sem direção que se deleita com o pecado, Cristo simplesmente nos aceita como somos. Jesus não quer nada em troca pelo seu favor. O seu favor é graça. E a graça de Cristo é inegociável. A igreja não é lugar de “santos” e sim de pecadores.
Preocupo-me com o futuro da igreja atual, a qual separa santos de pecadores. Valoriza e engrandece os homens de bens, e menospreza os marginalizados da sociedade. Líderes cristãos preferem o conforto pessoal à solidariedade. “Pastores”, que nem deveriam usar tal nomenclatura, abusam espiritualmente de suas ovelhas. E quando os oprimidos que estão cansados e fadigados os questionam eles logo dão argumentos como – Você está em rebeldia – Isso é pecado – Quando não, jogam maldições sobre o membro indefeso.A igreja tem por obrigação lutar pelos direitos dos oprimidos. Defender os frágeis e suprir espiritualmente seus membros. Suprir não é e nem tem nada a ver com quebrar maldições, profetizar bênçãos ou fazer campanhas. Suprir é ensinar a palavra autêntica; sem balela sem enrolação. A palavra precisa ser ensinada. Somente conhecendo a verdade o homem pode ser liberto, Cristo é a verdade revelada. Somente Ele pode libertar o homem de sua condição escravizada e lhe dar vida em abundância. O cristianismo é mais do que curar enfermos, expulsar demônios ou fazer sinais de maravilhas. O verdadeiro cristianismo é novo nascimento. É mudança de caráter. É dádiva de Deus, por isso não aceita barganhas. A palavra ensinada não deve ser usada para massagear o eco das pessoas, mas para revelar o amor de Deus.
[1] A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou convosco"). Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento (NT) a palavra tem sentido mais especializado. A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega ekklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo. (Fonte: http://www.vivos.com.br/128.htm, do dia 23/07/2009.
[2] A televisão geralmente é o objetivo maior desses impostores. Rádio, jornal ou qualquer outra mídia servem apenas para adquirirem experiências.

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