SEJAM BEM VINDOS

Podem matar uma, duas ou até três rosas.
Mas não podem deter a primavera.
Podem matar um, dois ou até três revolucionários.
Mas não podem conter a revolta.

terça-feira, 21 de julho de 2009

INDIGNAÇÃO RELIGIOSA

Hoje ao almoçar liguei a televisão e me deparei com um mago religioso cujo cognome era Pastor. Fiquei indignado com o que vi. Ele estava tomando testemunhos de pessoas que haviam saído de uma crise financeira ao se adentrarem em sua igreja. Essas pessoas foram supostamente vitoriosas apenas por participarem (tome participar como contribuir) da igreja. Jesus as abençoou porque o “mago” ordenou a benção daquelas pessoas. Tive nostalgia apenas de ouvir alguns testemunhos, me dava vontade de chorar e gritar por misericórdia.
Atualmente o cristianismo não necessita mais da graça de Deus, aliás, graça virou apenas mais um conceito teológico e filosófico para ser debatido. O tempo da lei já passou, e o da graça está passando. Surge um novo tempo, o tempo de “tomar posse da benção”. Qualquer um pode sair de uma crise financeira, curar um câncer ou até mesmo “quebrar amarração” (pastores e pais de santos são parceiros), basta ir à igreja A ou a igreja B e assim por diante. O marketing se apoderou das instituições religiosas (as quais estão longe de serem igrejas – Eclésia -) e a competição por resultados é o foco principal. Fico a imaginar o que diria João Batista se vivesse nesse tempo, sabendo que no passado chamou pessoas religiosas bem melhores do que as de hoje de raça de víboras.
O charlatanismo religioso se apoderou das mídias (rádio, TV, jornais, etc) e o evangelho pregado em massa já não têm como objetivo salvar almas e transformar caráter, mas tirar pessoas de suas situações difíceis (geralmente financeira). A graça de Deus já não é mais necessária. Agora o que importa é o que fazemos para receber o favor de Deus. Não somos necessitantes da graça divina e sim merecedores dela. Esse tipo de sermão tem sido comum no meio cristão. O sacrifício de Cristo já não tem tanta relevância.
Esquecemos de que Deus quer obediência e não sacrifício. Obedecer é estar dependente, deixar-se guiar pelas vontades de Deus, observar os mandamentos da palavra. Esse evangelho que se tem pregado é um evangelho de sacrifício e não de obediência. Esses “pais de santos cristãos” querem apenas viver no luxo e longe de dificuldades financeiras. Eles influenciam o pai de família a deixar de colocar o sustento dentro de sua casa para ofertar na igreja. Obrigam a senhora aposentada com um salário mínimo, aonde mais da metade de sua renda vai para farmácias e o restante quase não é suficiente para suprir seus gastos básicos, a dar ofertas abusivas. Fazem com que o desempregado tome dinheiro emprestado para ofertar na “campanha da prosperidade”. E o pior de tudo é quando os resultados não aparecem esses líderes facilmente reverte a culpa para cima dos indefesos, alegando que a vitória financeira não aconteceu porque eles falharam um dia na campanha, estavam em pecado ou ainda chegam ao absurdo de disserem que os as pessoas que não receberam a benção de Deus não a adquiriu porque estavam com maldições em suas vidas; então começa uma nova campanha para quebrar as maldições, onde novamente as pessoas são induzidas a ofertarem para diminuir a burocracia dos céus.
É hora de revermos nossa conduta cristã e os nossos conceitos a respeito do cristianismo. É preciso expor os charlatões e defender os oprimidos. Chega de tanta “macumbaria gospel”, é preciso voltar-se ao evangelho da graça. Graça é favor imerecido, ninguém merece nada, Deus simplesmente nos concede tudo o que precisamos.
Para se obter a graça de Deus não é preciso fazer nada, absolutamente nada, a não ser aceitá-la. Somos salvos pela graça, vivemos pela graça e morreremos pela graça. Sem a graça de Cristo nada podemos fazer.
Felizmente ainda existem profetas que não se dobraram a Baal. Ainda existem homens e mulheres que pregam a palavra não por usurpação, mas, por que se importam com as almas a serem salvas. Tenho profunda admiração por pessoas da quais nem conheço, que estão pregando o evangelho puro e autentico. Pessoas que se importam com o Reino de Deus e com as almas sofridas e abatidas pelos sofrimentos da realidade humana. Campeões anônimos. Que Deus continue abençoando esses vencedores do Reino, concedendo-lhes forças para não se corromperem com o sistema religioso e suprindo suas necessidades básicas para que não se vendam ao mercado gospel.

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